loading

Bloco de Notas: Comunicação e a formação do Benfica

Foi um dos assuntos da semana. A venda de Bernardo Silva por parte do Benfica ao Mónaco. Muitos adeptos benfiquistas, e não só, aprovaram o negócio pelos números envolvidos, mas outros tantos não gostaram de ver uma das jóias da coroa ser vendida tão cedo. É caso para perguntar: a promessa de Luís Filipe Vieira de que na próxima época iria ser feita uma maior aposta na formação é mesmo para cumprir?

Bloco de Notas: Comunicação e a formação do Benfica

Já utilizei muitas vezes, neste espaço, o conceito de coerência na comunicação e, infelizmente, mais uma vez terei de recorrer a ele para abordar a temática da formação do Benfica.

Foi anunciado, muito recentemente, por Luís Filipe Vieira uma maior aposta, já na próxima época, na formação do Benfica. Até aqui tudo bem. É legítimo que o presidente do Benfica anuncie uma maior aposta nos jovens jogadores do clube. Afinal este é também um dos grandes desejos da maioria dos adeptos.

Embora se perceba que a tão desejada aposta na formação seja feita mais por motivos financeiros do que por vontade exclusiva dos dirigentes, é natural que o presidente encarnado queira ver mais jogadores da formação na equipa principal. No entanto, é logo no ponto de vista da comunicação onde as coisas começam a correr mal.

Como disse anteriormente, a comunicação só faz sentido se for coerente, ou seja, as ações que realizamos devem corresponder à nossa mensagem. Quando isto não acontece, a comunicação torna-se vazia e é desacreditada. A meu ver, é isto que acontece quando os dirigentes benfiquistas falam em formação.

Não se pode dizer aos adeptos que se vai acreditar mais no valor dos jogadores da casa e depois vender os mesmos sem lhes terem sido dadas grandes oportunidades. Assim, adeptos e simpatizantes do clube tendem a sentir-se enganados. Relembro que Luís Filipe Vieira disse no início desta temporada quando emprestou Ivan Cavaleiro e Bernardo Silva que estes regressariam ao Benfica. Um deles já não volta e agora é legítimo que os adeptos se questionem acerca do futuro de Cavaleiro. Estes são apenas dois exemplos entre muitos.

Não tenho nada contra a estratégia de se venderem os jogadores mais valiosos da formação. É natural. O que não faz sentido é dizer uma coisa e fazer o contrário. Seria mais aceitável comunicar que a formação serve somente para obter encaixe financeiro, aliás como tem dito frequentemente Jorge Jesus.

Os dirigentes têm de perceber que os adeptos não têm memória curta. Em épocas de muitas vitórias tudo é esquecido e perdoado, mas quando as coisas correm menos bem tudo passa a ser motivo de contestação. Se o Benfica tem realmente problemas financeiros e precisa de vender urgentemente ativos deve assumi-lo claramente. Não pode é comunicar umas coisas, só porque os adeptos gostam de ouvir, e depois fazer o seu oposto. Até porque continuam a chegar ao Estádio da Luz jogadores estrangeiros que muito pouco têm a ver com a formação.

Na vida todos temos tendência a relacionarmo-nos com pessoas em quem confiamos. Quando alguém trai a nossa confiança ou cortamos relações ou ficamos sempre com um pé atrás. Nas organizações não é diferente. Gostamos sempre mais das que são sinceras connosco e, para isso, uma comunicação coerente é fundamental.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

Siga-nos no Facebook, no Twitter, no Instagram e no Youtube.

Relacionadas

Para si

Na Primeira Página

Últimas Notícias

Notícias Mais vistas

Sondagem

Roger Schmidt tem condições para continuar no Benfica?