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Os desafios de Jorge Jesus e Julen Lopetegui

A próxima época do futebol português tem tudo para ser memorável. Porque as apostas nunca foram tão altas como agora. Sobretudo nos três grandes. Na semana passada já se falou dos muitos trabalhos que Rui Vitória terá pela frente. Mas o novo treinador do Benfica não é o único com uma série de desafios em mão. Jorge Jesus e Julen Lopetegui têm também as suas próprias provações a ultrapassar. E são muito semelhantes entre si.

Os desafios de Jorge Jesus e Julen Lopetegui

Jorge Jesus protagonizou a transferência deste verão. A mudança da Luz para Alvalade marcou a agenda durante vários dias. E ainda hoje domina boa parte das conversas. O entusiasmo que gerou a sua apresentação enquanto treinador do Sporting, vários dias após o seu anúncio, confirma isto mesmo. Jorge Jesus é uma novidade que está para durar nas mentes dos adeptos. O que traz uma tremenda exigência, fruto da reputação que o técnico português foi construindo no Benfica.

A Jesus vão ser exigidos títulos, sobretudo o campeonato. Porque a Taça da Liga é indiferente para a maioria, porque a Supertaça só tem como grande aliciante o reencontro do treinador campeão nacional com o seu antigo clube, porque o Sporting é o detentor da Taça de Portugal.

Assim sendo, o campeonato assume ainda mais importância: das competições domésticas, parece ser a única capaz de corresponder às perceções criadas. Jesus representa uma aposta para se chegar ao nível seguinte. As expetativas são altas, tal como os objetivos. E Jorge Jesus tem hoje uma reputação vencedora (e ordenado a condizer). Esta está na base de boa parte dessas expetativas e desses objetivos. Bruno de Carvalho contratou-o para ganhar de imediato porque ele hoje é percecionado como um dos mais capazes para o fazer. E nada menos do que isto pode ser um sucesso. A simples nota artística não chegará.

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Inteligentemente, Jorge Jesus reconheceu estas condições na sua apresentação. A partir de agora há três candidatos ao título, disse o treinador. A mensagem não é nova. Afinal, Bruno de Carvalho já no ano passado tinha assumido a candidatura ao triunfo no campeonato. Mas só agora esse objetivo é assumido sem rodeios pelo treinador. O Sporting reconhece estar em pé de igualdade com Benfica e FC Porto. Porque nem podia ser de outra maneira: acredite ou não na semelhança de possibilidades, Jesus não tinha outro remédio que não o estabelecimento de grandes objetivos. Ninguém iria acreditar no contrário. Desde o anúncio da chegada do novo treinador que essas perceções e expetativas ganharam raízes nos adeptos sportinguistas.

Já o FC Porto foi o único dos cinco primeiros classificados da época transata que não mudou de treinador. Julen Lopetegui mantém-se ao comando dos azuis-e-brancos, apesar de não ter conquistado coisa alguma após um ano de enorme investimento. Apenas o inesgotável crédito de Pinto da Costa poderia segurar o técnico basco depois de um novo ano sem conquistas do FC Porto.

Mas nesta temporada as exigências atingirão um nível tremendo: Lopetegui não tem qualquer margem de manobra. E a forma como o FC Porto se está a comportar neste mercado de transferências contribui em muito para a perceção de um verdadeiro 'all in'. Os portistas têm todas as fichas na mesa e só o regresso aos títulos é admissível. A conquista do campeonato é um tudo ou nada. Não haverá taça ou prestação honrosa na Europa para menorizar o insucesso.

O FC Porto tem contratado muito e despendido grandes somas de dinheiro. As expetativas crescem em proporção. A chegada de Imbula é simbólica: a contratação mais cara de sempre do futebol português atingiu uns astronómicos 20 milhões de euros e seguiu-se a um ano péssimo para os portistas. Acredito que a Imbula não se exija nada menos do que o nível de João Moutinho. Será essa a bitola para o jogador francês. Ou seja, o jovem médio recrutado em Marselha será alvo de grande atenção. Mas Lopetegui terá mais pressão do que qualquer futebolista: com tanto talento à disposição, todos os olhos estarão postos no treinador do FC Porto. Porque importa avaliar a sua capacidade para extrair o melhor de um plantel que juntou ainda mais investimento ao muito que já havia sido feito em 2014-2015.

Dito isto, há uma conclusão óbvia: tal como Rui Vitória, Jorge Jesus e Julen Lopetegui precisam de troféus, sobretudo do campeonato. A matemática mostra que pelo menos dois sairão como os grandes derrotados do próximo ano. Um deles (muito provavelmente) ficará na memória como o treinador que venceu o campeonato que mais expetativas criou nos últimos anos.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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