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Bloco de Notas: O Benfica não consegue esquecer Jorge Jesus

A nação benfiquista está nervosa e descontente. Os mais recentes resultados dos encarnados – a eliminação na Taça de Portugal frente ao Sporting e a péssima exibição frente ao Astana para a Liga dos Campeões – não são do agrado dos adeptos e já são muitos aqueles que pedem a saída de Rui Vitória. Afinal, será que o treinador ribatejano é o único culpado pelos maus resultados da equipa e estará a época a correr assim tão mal?

Bloco de Notas: O Benfica não consegue esquecer Jorge Jesus

Quando olhamos mais atentamente e de forma racional para o desempenho do Benfica este ano, percebemos que a revolta dos adeptos pode não ser assim tão justificável.

Senão vejamos: é inquestionável que no campeonato as coisas não têm corrido pelo melhor. É lógico que os adeptos esperariam, nesta fase da temporada, uma melhor classificação. Mas, se analisarmos o percurso dos encarnados no campeonato, percebemos que o resultado mais 'anormal' é a derrota por 1-0 frente ao Arouca. A derrota frente ao FC Porto no Dragão não agrada aos adeptos, mas é um resultado normal num jogo entre grandes. Ou seja, nesta fase da temporada o Benfica, que tem menos um jogo do que o líder Sporting, fruto da partida em atraso com o União da Madeira, tem menos sete pontos do que o ano passado e menos cinco do que há dois anos. No entanto, o Benfica já jogou nesta fase com os principais rivais, tendo já defrontado um deles fora de casa (FC Porto no Dragão).

Na Liga dos Campeões não há volta a dar. Um percurso semelhante na liga milionária já não se registava desde a época de 2011/2012 – a única em que Jorge Jesus, nos seis anos que esteve no Benfica, conseguiu qualificar os encarnados para os oitavos de final - e aqui o mérito só pode ser do treinador.

Na Taça de Portugal o figurino não é muito diferente. Em relação ao ano passado, o Benfica sai da prova uma eliminatória antes, já que, com Jorge Jesus, a equipa foi afastada pelo Sporting de Braga num jogo que não teve sequer prolongamento.

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Podemos então concluir que o Benfica poderia estar em melhor posição no campeonato, mas se ganhar o jogo em atraso mantém-se claramente na luta pelo título. Na Liga dos Campeões o desempenho é melhor já que a qualificação para os oitavos de final está garantida. Na Taça a eliminatória frente ao Sporting Clube de Portugal (SCP) poderia ser encarada como natural já que num jogo entre os grandes tudo pode acontecer. O problema é que este Sporting é treinado por… Jorge Jesus.

É aqui que começam os problemas de Rui Vitória e do Benfica. Os encarnados ainda não conseguiram fechar o 'ciclo Jorge Jesus'. Grande parte dos dirigentes encarnados passam a vida a mandar indiretas ao treinador dos leões. O próprio processo que o Benfica instaurou a Jesus, reclamando 14 milhões de euros de indemnização por quebra de contrato, não ajuda a fechar uma página que já deveria estar encerrada há muito. Jorge Jesus foi importante no Benfica, mas o ciclo dele acabou.

Independentemente de ter sido encerrado bem ou mal, é preciso ir em frente e construir uma nova etapa. Sempre que alguém ligado ao Benfica falar ou escrever sobre Jesus estará a contribuir para a instabilidade da equipa e por conseguinte do treinador. Os três jogos dos encarnados frente ao Sporting são disso exemplo. Em muitos deles vimos um Benfica superior, mas que, a partir de determinados momentos das partidas, não soube aguentar uma pressão que o outro lado sabe que existe e que de forma inteligente tem utilizado a seu favor. Cabe aos dirigentes encarnados serem mais espertos e comunicar aquilo que realmente interessa:

1 - A época do Benfica não está a correr assim tão mal (estranhamente não vi ninguém publicamente dizê-lo);

2- O ciclo de Jesus acabou e é bom que se resolva o que há para resolver com ele de forma a concentrar esforços no que realmente interessa (esta parte é sobretudo comunicação interna já que os dirigentes encarnados falam demasiado sobre Jesus).

Os adeptos têm de entender que o 'Benfica à Jesus' já não existe e que cada treinador tem o seu estilo e precisa do seu tempo para adaptar as suas ideias. Quem não quiser perceber isso só tem uma solução: mudar de clube e passar a torcer pelo SCP, já que é lá que mora agora o treinador bicampeão pelo Benfica.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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