Taça da Liga: Sporting de Braga – Moreirense (declarações)

Augusto Inácio (treinador do Moreirense): "Em primeiro lugar, agradecer ao médico do Moreirense, António Cunha, e ao fisioterapeuta, Pedro. Se não fosse a competência deles, se não fosse o empenho deles, eu não estaria aqui, de certeza. Era impossível estar aqui. Estou com muito sofrimento. Tenho o rabo todo furado. Quando passar o efeito [dos comprimidos] não sei como vai ser.

A cor da esperança não ganha só jogos, é preciso muito mais coisas do que isso. É preciso ter um espírito muito grande, uma capacidade de sofrimento muito forte. E, acima de tudo, um acreditar que, depois de estarmos na final, não fazia sentido nós não fazermos tudo para a ganhar. Não fizemos muito contra o Benfica para estar na final, aconteceu, porque na segunda parte tivemos essa possibilidade. Foram menos seis jogadores que normalmente jogam na equipa titular que não jogaram com o Benfica. Hoje não, hoje fazia sentido jogarmos com tudo o que temos à nossa disposição.

Não foi um grande espetáculo. As duas equipas jogaram quase com a mesma estratégia, nas transições. Não houve transições, não houve remates - pouca emoção, não há golos. Há a grande penalidade a acabar a primeira parte. E, na segunda parte, eu esperava que o Sporting de Braga entrasse com outra pujança. O que nos convinha, porque depois ia entrar o Boateng para surpreender a defesa do Braga. Mas só nos últimos dez minutos é que o Braga atacou em força para tentar a igualdade. Mas já antes o Geraldes já tinha perdido o 2-0, o Braga tem uma grande oportunidade com uma defesa do Makaridze e o Podence tem o 2-0 para fazer, também não fez.

Poucas oportunidades, um bom vencedor, a equipa que mais fez para ganhar o jogo e, por isso, estamos todos contentes e dar os parabéns a todos. A vitória não é dos jogadores, não é do treinador, não é do presidente, não é do departamento médico, não é de ninguém, é de toda a família do Moreirense. Houve muita gente a fazer 600 quilómetros para baixo e agora vão fazer 600 quilómetros para cima, fora aqueles que ficaram nessa grande vila e que merecem este momento que estamos a passar. Moreira de Cónegos nunca foi tão falado como agora e isso deve-se realmente ao pequeno grande clube que é o Moreirense.

Quando acabou o jogo, se soubesse o que é que eu pensei. Mas eu vou contar. Pensei logo: 'Quinta-feira com o Feirense. Temos de ganhar este jogo, são três pontos importantes. Como é que vamos recuperar esta gente, com este esforço, para esse jogo importantíssimo'. Vamos hoje desfrutar o momento, a festa vai acabar hoje e depois não vai haver mais festas nenhumas. Acredito nestes jogadores, confio neles. Não vou prender os jogadores, só porque há um jogo importante e eles podem continuar os festejos. Os festejos terminam amanhã, há pouco tempo para recuperar e temos um jogo importante na quinta-feira.

Ganhar uma taça destas pelo Moreirense é a mesma coisa do que ganhar a Liga dos Campeões. Nós acrescentamos mais um titulo ao nosso currículo. São momentos mágicos, para perpetuar daqui a 40 ou 50 anos. Vai ficar registado nas histórias de cada um. E perguntamos agora: o Moreirense vai estar sempre nas finais, vai ganhar a Taça da Liga? Da maneira como está este formato, repito que está feito para os 'grandes', os pequenos aparecem de vez em quando. Aparece de vez em quando um 'outsider'. Ainda bem que fomos nós."

Jorge Simão (treinador do Sporting de Braga): "O que é que aconteceu para que o Sporting de Braga não conseguisse ganhar? Eu acho que ambos os treinadores tinham previsto uma final decidida em detalhes, num ou outro lance. Devo confessar que, na primeira parte, senti que nós estivemos demasiado racionais. Faltou paixão, faltou entrega, faltou soltarmo-nos. Parecia que as emoções nos toldaram os movimentos. O Moreirense também pouco se aproximou da nossa baliza, não me recordo de nenhuma situação iminente de golo. E há o lance do penalti. Nem sequer vou entrar por aí, não tive oportunidade de ver o lance e não tenho interesse nenhum em entrar por esse caminho.

Na segunda parte, há que realçar a capacidade do Moreirense em nos manter inseguros. Passou a estar em vantagem, aproveitando o espaço enorme nas costas da nossa linha defensiva. E manteve-nos inseguros no nosso ataque, que pretendíamos que fosse maciço. Mas fomos aqui e ali criando situações de golo que nos poderiam permitir empatar, no mínimo, e acredito que, se fizéssemos um golo, nos galvanizaríamos para fazer o segundo. Não conseguimos fazer o golo e o que me resta é felicitar o adversário por esta página brilhante no seu clube. Repare-se que conquista um troféu deixando quem deixou para trás. Acho que esse dado merece ser registado e felicitá-los por isso.

Eu assumo claramente a responsabilidade. Não o digo por ser um chavão ou por achar que o devo dizer. Acho que, olhando para aquilo que foi feito, aquilo que eu fui dizendo e preparando os jogadores, a responsabilidade é minha. Não me custa admiti-lo.

É um momento duro para mim, como é óbvio, para os meus jogadores, porque vejo as reações normais que tiveram, para os nossos adeptos, que caminharam muitos quilómetros para lutar connosco. Nós batemos no chão, só temos de nos levantar. No futebol, os processos são muito mais rápidos do que na vida. Em qualquer momento dramático, o que há a fazer quando batemos no chão é reerguermo-nos novamente e, se possível, com forças redobradas.

[Implementar uma ideia de jogo] É um processo que eu não conseguiria imaginar, porque não conhecia os jogadores. Não é nem mais fácil nem mais difícil, não é um processo de crescimento linear. Não vou dizer todos os dias que hoje estamos mais fortes. É um processo com altos e baixos, ainda por cima associado ao facto de jogarmos de três em três dias com a pressão dos resultados. Conseguimos chegar à final da Taça da Liga, foi uma boa campanha do Sporting de Braga na Taça da Liga, é um momento duro não ter ganhado, mas temos de seguir, temos de seguir."