O treinador português José Mourinho chegou hoje a Lisboa, deixando definitivamente para trás Londres e o Chelsea, com vontade de ''preparar o regresso'' ao futebol e frequentar um único estádio em Portugal: do Vitória de Setúbal.
''Vou preparar o melhor possível o meu regresso. Não sei se será dentro de uma semana, um mês ou um ano. Mas o que quero agora é viver fora do futebol. Quero viver a vida familiar e fazer algumas coisas que não tenho feito'', explicou Mourinho.
Apesar do desprendimento, o treinador que levou o clube londrino à conquista de dois títulos históricos de campeão inglês vai, ''obviamente, acompanhar o futebol'' e espera que a ausência da competição ''seja alguma, mas não exagerada''.
''Não espero ficar muitos meses sem trabalhar, porque gosto de o fazer. Vou acompanhar os campeonatos onde, à partida, terei oportunidade de trabalhar e o português, porque é o meu. Mas calado, de fora e tranquilo'', antecipou o técnico recém-desempregado, pois ''quem está de fora não pinta''.
Mourinho reconheceu que o fim-de-semana é o período mais complicado da sua nova vida, mas encarou os tempos livres com pragmatismo: ''Saí do Chelsea numa quarta ou quinta-feira e no fim-de-semana seguinte vi sete jogos de futebol em casa''.
O que é conveniente quando os planos passam por ''viajar mais um bocadinho'', abandonar ''o estilo intenso dos últimos seis ou sete anos'' e ''passar fins-de-semana em família'', a qual também viajou para Lisboa com Mourinho, que chegou sob escolta policial de alguém muito especial.
Para não ser ''mal interpretado'', Mourinho apenas antevê a presença num estádio, do Vitória de Setúbal, que o treinador justificou como ''um acto de amizade e paixão pelo clube'', sem esconder o entusiasmo quando soube da vitória sadina sobre o Sporting de Braga da Taça da Liga (2-0): ''Aí estão eles!''
José Mourinho continua sem revelar o valor da indemnização que lhe foi paga pelo vice-campeão inglês, mas adiantou que não jogará no Euromilhões porque não tem sorte, pouco antes de entrar no Porsche Cayenne que o esperava impacientemente.
Sob o seu comando, o clube londrino foi duas vezes campeão de Inglaterra (2005 e 2006) - a primeira das quais 50 anos depois de ter conquistado o seu único título anterior - e ganhou uma Taça de Inglaterra (2007), duas Taças da Liga (2005 e 2007) e uma Supertaça inglesa (2005).
José Mourinho e o Chelsea decidiram quarta-feira rescindir o contrato de forma amigável, após um último ano de progressiva degradação das relações com o proprietário do clube, o milionário russo Roman Abramovich, sendo substituído pelo israelita Avram Grant, que fora contratado esta época como director do futebol.
LUSA