O futebol vive de emoções intensas, e poucas são mais impactantes do que as reviravoltas nos destinos dos treinadores e das seleções nacionais.
Recentemente, o treinador português Rui Vitória viu-se no epicentro dessa dinâmica, sendo afastado do cargo de selecionador do Egito após a eliminação nos oitavos de final da Taça das Nações Africanas (CAN2023).
Rui Vitória, conhecido pelos seus feitos no futebol português, incluindo passagens pelo Benfica e pelo Vitória de Guimarães, embarcou numa nova aventura ao assumir o comando técnico da seleção egípcia em 2022.
A sua missão era clara: revitalizar a equipa e assegurar a qualificação para o Mundial de 2026.
Os primeiros meses ao leme do Egipto foram promissores. Vitória destacou-se com uma abordagem estratégica, acumulando resultados positivos.
A sua reputação cresceu, e chegou a ser reconhecido como um dos melhores selecionadores do mundo, um feito notável em tão pouco tempo.
No entanto, o futebol é muitas vezes implacável, e a verdadeira prova estava reservada para a CAN2023. Apesar das expectativas elevadas, a seleção egípcia foi eliminada nos oitavos de final, numa derrota marcada pela incerteza e decidida nas grandes penalidades.
Após a deceção na competição e passadas algumas semanas depois do seu despedimento, num comunicado nas redes sociais, Rui Vitória expressou o seu adeus à seleção egípcia, agradecendo aos adeptos e ao povo egípcio pelo apoio constante e, num texto emocional, o treinador luso destacou o seu ciclo de 19 meses, com 18 jogos e apenas uma derrota.
Rui Vitória aproveitou ainda para sublinhar o compromisso em construir uma base sólida para o futebol egípcio, mas a decisão da Federação Egípcia de Futebol (EFA) de encerrar o seu contrato surpreendeu.
"Agora que alguns dias já passaram desde o anúncio oficial, e após um período de reflexão, posso dizer que saio após 19 meses, 18 jogos, com apenas uma derrota, e com a nomeação para o melhor selecionador do mundo", começou por escrever o técnico.
"O que é que estes números significam? Significam que nos dedicámos a construir uma fundação sólida para o presente e para o futuro do futebol egípcio, enfrentado vários desafios com determinação e um foco inabalável na excelência", questionou Rui Vitória.
Rui Vitória expressou a sua surpresa face à decisão da EFA, especialmente considerando que o seu contrato de quatro anos tinha como objetivo preparar a equipa para o Mundial de 2026.
Chegando numa altura desafiante, Vitória tinha a tarefa de mudar a situação da seleção, ausente do último Mundial e no último lugar na qualificação para a CAN.
"Os quatro anos de contrato que assinei destinavam-se, como era conhecido publicamente, para o preparamento e a renovação da equipa para o Mundial de 2026. Estamos no início de 2024", observou.
"Eu cheguei numa altura desafiante, com o objetivo de mudar a situação da seleção, ausente do último Mundial e no último lugar da qualificação para o CAN. A nossa qualificação, e os consequentes resultados, são uma prova da capacidade de superação de desafios e da qualidade do trabalho desenvolvido", acrescentou o técnico.
O treinador português revelou que, apesar da insatisfação com a eliminação na CAN2023, enfrentaram adversidades significativas, das quais falará mais tarde.
Vitória destacou também o compromisso e a paixão dos jogadores egípcios, agradeceu à equipa técnica que o acompanhou, ao staff e dirigiu um agradecimento especial aos adeptos pelo apoio constante.
"Obviamente que não estamos satisfeitos com a eliminação nos penáltis no último CAN, mas sabemos as adversidades que enfrentámos, das quais irei falar mais tarde", disse, deixando futuras revelações para depois.
"Esta experiência enriqueceu-me profissionalmente e pessoalmente, e deixa-me convencido, tal como tenho dito sempre, que o futuro do futebol egípcio pode ser, se todos desejaram, prometedor. Obrigado, Egito, por esta aventura memorável", rematou.
Com o capítulo do Egito encerrado, surgem interrogações sobre o futuro de Rui Vitória e da seleção egípcia. O treinador português, conhecido pela sua capacidade de superar desafios, pode agora considerar novos caminhos na sua carreira.
Para a seleção egípcia, a busca por um novo líder já começou. A decisão da EFA levanta questões sobre a visão de longo prazo para o futebol do país e as estratégias a serem adotadas para alcançar o tão desejado sucesso internacional.