Kuduro invade Bissau para celebrar apuramento dos «irmãos angolanos»

Logo após ao apito final do árbitro da partida, que terminou com uma vitória de Angola por 2-0, a música Kuduro tomou conta dos altifalantes do estádio Lino Correia, na capital guineense, ao que os cerca de três mil adeptos que assistiram ao jogo respondiam com um pezinho de dança.

''Estamos a celebrar a vitória e o apuramento dos irmãos angolanos'', dizia uma adepta da seleção da Guiné-Bissau, vestida com as cores da bandeira guineense dos pés à cabeça, mas que se diz feliz pelo apuramento dos “Palancas Negras”.

O presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), Pedro Neto, disse à Agência Lusa que a vitória de Angola ''é justa'', e o apuramento para a Taça de África das Nações (CAN 2012) ''merecido, ainda mais porque vem dignificar a lusofonia''.

''Um país da lusofonia tinha que estar no CAN e Angola vai lá estar para representar toda a lusofonia. A Guiné-Bissau já não tinha grandes hipóteses, porque estava arredada da corrida, não que tivesse uma má seleção, mas Angola veio aqui com currículo e com experiência'', defendeu o também chefe da delegação angolana a Bissau.

Pedro Neto criticou o facto de o jogo ter sido disputado às 14:00 (hora de Bissau, 15:00 EM lISBOA) por decisão da Confederação Africana do Futebol (CAF), à mesma altura a que se realizava o desafio Uganda-Quénia.

''É um crime marcar um jogo de futebol quando se registava temperaturas acima dos 38 graus. Sabe-se que tanto os nossos jogadores como os da Guiné jogam em campeonatos europeus onde praticamente se joga a noite. A CAF devia rever isso'', afirmou o presidente da FAF.

Os jogadores passaram grande parte do jogo a pedir água aos respetivos bancos de suplentes e houve mesmo uma altura em que o árbitro parou o jogo para também ele se refrescar, no que foi seguido por quase todos os jogadores das duas equipas.

Temperaturas à parte, a festa ao som do kuduro alastrou-se por Bissau e deverá continuar esta noite, com uma atuação do artista cabo-verdiano Gaby Fernandes, dos Irmãos Verdades, que se encontra na capital guineense.

Questionados sobre o jogo, os dois treinadores reconheceram que Angola foi mais forte. Para Lito Vidigal, selecionador angolano, a vitoria e o apuramento para o CAN são o resultado de ''muito trabalho'' enquanto que a derrota da Guiné-Bissau, na opinião de Luís Norton de Matos, se deveu a falta de experiência e da sorte.