Comentário: Goleada à Alemanha coloca Portugal na final do Europeu sub-21

Depois de um triunfo magro (1-0 à Inglaterra) e dois empates (0-0 com a Itália e 1-1 com a Suécia) na fase de grupos, poucos podiam imaginar a demonstração de força que a equipa portuguesa teve no Estádio Ander.

Em relação ao último jogo, Rui Jorge foi forçado a fazer entrar no ‘onze’ titular para o eixo da defesa Tobias Figueiredo, por troca com Tiago Ilori, que se tinha lesionado no último jogo do grupo B.

Frente à Alemanha, Portugal encontrava um adversário que também ainda não perdera qualquer jogo desde a fase de qualificação: os germânicos somavam oito vitórias e dois empates no apuramento e um triunfo e dois empates no Europeu.

O que se seguiu contrariou toda essa tendência e deixou a seleção germânica, comandada pelo ex-internacional alemão Hrubesch, completamente atónita, tendo em conta que chegou ao intervalo a perder por 3-0.

O sentido da baliza pertenceu quase sempre a Portugal, mas o desbloquear do marcador surgiu apenas aos 25 minutos – depois já de Sérgio Oliveira atirar ao poste (15 minutos) -, por Bernardo Silva.

O ex-benfiquista e jogador do Mónaco entrou embalado no lado esquerdo da área, num lance que começou com um roubo de bola de Raphael Guerreiro, e ‘fuzilou’ junto ao poste direito do guarda-redes ter Stegen.

Portugal apostava num ataque móvel, com movimentos de Ricardo Pereira e Ivan Cavaleiro, apoiados por Bernardo Silva, e com um ‘meio’ sólido com João Mário, Sérgio Oliveira e ainda William Carvalho.

O segundo golo partiu de um canto, que Paulo Oliveira desviou de cabeça para Ricardo Pereira aparecer ao segundo poste (33 minutos), mas o duro golpe, sobretudo após duas defesas de José Sá (a remates de Schulz, 37, e Younes, 44), surgiu com o terceiro tento, de Ivan Cavaleiro (45+1).

Os alemães, muito rígidos – com Volland sozinho na frente - sem capacidade de ter bola ou serem eficazes, mal estavam refeitos do pesadelo ao intervalo, quando Portugal marcou o quarto golo no primeiro minuto após o reatamento.

Desta vez Bernardo Silva levou a bola colada ao pé, assistiu Ricardo Pereira, que serviu João Mário, num remate em que o médio ainda viu a bola desviar no central Heintz e trair na trajetória Ter Stegen.

Rui Jorge sentiu que tinha o jogo ganho e depois de já ter tirado Ivan Cavaleiro (tocado) e feito entrar Ricardo Horta (46 minutos), também optou pela saída de Bernardo Silva, entrando Rafa Silva (50).

Tudo corria de feição e seriam estes mesmos suplentes, mais João Cancelo (entrou para o lugar de Raphael Guerreiro, aos 64), que tal como Horta se estreou nesta fase final, a estarem no lance do 5-0.

Rafa Silva conduziu a bola, foi ao chão já na área, mas Cancelo cruzou do lado esquerdo do ataque e Ricardo Horta entrou de rompante, para desviar para o quinto golo, consumando a pior derrota da Alemanha num Europeu de sub-21 [o pior resultado era um 3-0 com a França em 2006].

Portugal apura-se pela segunda vez na história para uma final da categoria, 21 anos depois de ter perdido com a Itália, em 1994, no golo de ouro. A seleção das ‘quinas’ irá defrontar na terça-feira em Praga o vencedor do Dinamarca-Suécia.