FC Porto: Fim da linha para Lopetegui?

A vida de um treinador de futebol não é fácil. Na vitória são poucos os que lhe atribuem mérito, mas nas derrotas os técnicos são vistos como os principais culpados. Poucas profissões vivem numa linha tão ténue entre o sucesso e o fracasso. É verdade que Julen Lopetegui nunca foi muito amado pelos adeptos portistas, mas agora, fruto dos últimos resultados, e principalmente das últimas exibições, o treinador espanhol é visto como um fardo no banco dos dragões.

É inegável que se Lopetegui não agrada aos adeptos do FC Porto a culpa se deve em grande parte a ele. Julen Lopetegui tem demonstrado, demasiadas vezes, muita teimosia nas suas escolhas, sendo as mesmas frequentemente incompreensíveis. Basta analisar a formação inicial do FC Porto para o jogo da última quarta-feira contra o Chelsea, para a Liga dos Campeões. Uma 'invenção' como classificaram muitos analistas de futebol. Infelizmente uma crítica recorrente quando se analisa o trabalho do treinador basco.

Desportivamente, Lopetegui não convence. O ano sem títulos, a época passada, e as fracas exibições, este ano, de uma equipa onde se investiu muito, assim o comprovam. No entanto, este não é o único pecado de Lopetegui. O treinador espanhol, que até começou bem a temporada nesse particular, tem vindo a acumular erros crassos na comunicação.

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As constantes críticas à arbitragem não convencem ninguém – por muito que alguns dirigentes achem que sim. A constante mensagem de que todos os adversários vão ser rivais difíceis demonstra, de facto, respeito pelos adversários, mas acaba por soar a oco. Não é possível dizer que o Arouca – com todo o respeito que a equipa de Aveiro merece – tem o mesmo grau de dificuldade do Chelsea. A constante altivez que Lopetegui dispensa aos jornalistas, onde, muitas vezes, se recusa a falar de aspetos táticos e técnicos também não ajuda a melhorar a imagem que o treinador espanhol transmite. Mas o mais essencial é o aspeto desportivo e é aí que reside o grande fracasso do treinador espanhol. As exibições não convencem ninguém e a eliminação na Liga dos Campeões irá deixar marcas.

Tudo parece indicar que o ciclo de Lopetegui chegou ao fim no FC Porto, mas Pinto da Costa não é de abandonar os seus treinadores e irá segurar o técnico basco até ao limite. No entanto, por muito que Lopetegui tenha a sua quota de culpa, a estrutura azul e branca terá também de assumir as suas responsabilidades. A História do clube assim o exige. Dois anos sem ganhar nenhum título é demasiado para o FC Porto, três pode ser catastrófico, muito mais depois do investimento que se fez no início da época.

Em qualquer organização é preciso saber arrepiar caminho quando as coisas não estão a correr bem. Nos últimos trinta anos foram poucas as vezes em que o FC Porto não o soube fazer. O futuro de Pinto da Costa também depende muito da forma como irá conseguir voltar a pôr o clube no caminho das vitórias. O presidente do FC Porto é um ícone para os adeptos portistas, mas no futebol a memória não costuma perdurar por muitos anos. Qualquer clube de futebol vive dos pergaminhos do passado, mas só consegue sobreviver pensando no presente e antecipando as vicissitudes do futuro.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.