Crónica: Desastre do Benfica dá a pior derrota da sua história na Champions

O ‘desastre’ cedo se desenhou com uma entrada tão caótica em jogo por parte do Benfica que aos vinte minutos já perdia por 2-0, com erros defensivos básicos, o primeiro aos dois minutos, por Michael Lang e o segundo por Olberlin, num lance que nasceu de um pontapé de canto a favor da equipa encarnada.

No primeiro, a defesa foi completamente batida, desde Luisão, a Jardel, a Júlio César e até a Grimaldo, em cuja zona de ação surgiu a finalização de Lang, depois de Oberlin ter feito ‘gato sapato’ da defesa encarnada.

O segundo, então, é indesculpável a este nível de competição, ao deixar-se surpreender num lance em que beneficiou de um pontapé de canto e permitiu, por deficiente posicionamento dos seus jogadores, que o Basileia criasse uma situação de superioridade numérica no contra-ataque, com Oberlin a correr 70 metros, desde a sua área, para receber o passe de Steffen nas costas da pesada defesa encarnada e fazer o golo à saída de Júlio César.

Com o Basileia tão surpreendido quanto galvanizado pelas facilidades encontradas, o Benfica foi incapaz de reagir com cabeça fria, de assentar jogo, num desacerto tal que não se via ponta por onde pegar, quer a defender quer a atacar.

O único lance de relativo perigo que criou na primeira parte surgiu somente aos 44 minutos, no qual Jiménez rematou por cima da barra na sequência de um lançamento de Jonas com conta, peso e medida, mas o Basileia esteve sempre mais perto do terceiro do que o Benfica de reduzir a desvantagem.

Durante a primeira parte o Benfica foi uma equipa ‘longa’, porque a defesa não acompanhava a subida da equipa em campo e quando a bola era perdida, os jogadores do Basileia tinham sempre muitos espaços entre linhas para criar desequilíbrios numa defesa com dois centrais muito lentos e ‘duros de rins’, em especial Luisão, um lateral direito, André Almeida, fraco a atacar e um lateral esquerdo, Grimaldo, muito vulnerável a defender.

Tão pouco valeu Fejsa, que costuma ser o ponto de equilíbrio da equipa, sem acertar com o tempo certo de entrada aos lances, muito distante dos centrais, porque subia e estes não acompanhavam, quase sempre batido em velocidade perante adversários que lhe surgiam com a bola dominada, de trás para a frente.

Rui Vitória ainda tentou mudar alguma coisa com a entrada de Sálvio para o lugar de Cervi após o intervalo, e havia até alguma expectativa para ver até que ponto o Benfica seria capaz de reagir ao desenrolar dos acontecimentos.

Não foi preciso esperar muito para perceber que nada iria mudar no Benfica e que as coisas ainda iriam piorar, com uma sucessão de erros cometidos e uma total desinspiração coletiva, que permitiu ao Basileia fazer mais três golos, estar À beira de outros tantos, e registar o melhor resultado de sempre na sua história na Liga dos Campeões.

O pesadelo de Vigo, em que o Benfica perdeu por 7-0 para a Taça UEFA na época 1999/2000 chegou a pairar no Saint Jakob-Park, mas, desta vez, a derrota não foi tão copiosa.

Fesja fez o penálti sobre Oberlin, cuja velocidade foi demais para os defesas encarnados, de que resultou, aos 59 minutos, no terceiro golo, marcado por Wolfswinkel, o quarto, dez minutos depois, teve as assinaturas do mesmo Oberlin e de Luisão, muito mal batido, e o quinto, aos 77, por Riveros, que entrara uns minutos antes a render Petretta, foi antecedido de outro lance em que o Basileia atirou na mesma jogada a bola duas vezes aos postes, com Júlio César feito ‘boneca de trapos’.

O pesadelo de Vigo tanto pairou em Basileia que Rui Vitória sacrificou um ala, Zivkovic, por um médio defensivo, Samaris, a um quarto de hora do fim.