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FC Porto: Dragão PSD no parlamento de Guimarães

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: Dragão PSD no parlamento de Guimarães
FC Porto

Não há boias de salvação da temporada e, melhor dizendo, se o FC Porto enveredasse por esse trilho estaria a ir contra o seu próprio ADN. No entanto, o contexto de uma época irregular (e leia-se irregular nos seus altos de consolidação e baixos de resultados aquém) conferiu ao jogo do Dom Afonso Henrique um cariz especial. Não de agora ou nunca. Mas do agora em sinónimo de normal.

E o Vitória de Guimarães não deixa de ser um adversário curioso. Aliás, é o adversário que está na entremeada de um lote que engloba tubarões (Arsenal) e de outros que compõem o grosso do pelotão da liga portuguesa. Mais do que a abordagem tática apresentada por Sérgio Conceição – repletas de nuances, mas em fase de plena consolidação do onze e dos seus modelos – interessa saber para qual dos lados iria, de facto, o FC Porto remar: se mais para o lado da prudência em contexto de domínio; ou se para o lado do domínio puro e do avassalamento sem trapézio nem rede. A fazer lembrar o novo Parlamento e a sua composição.

Escolha feita. Mas não de forma excêntrica ou demasiadamente agressiva. Pelo lado da prudência. Condicionar o jogo do Vitória e, sobretudo, queimar o espaço que Jota ocupa em toda a superfície da linha de ataque. E tal protagoniza-se através de um conjunto de dinâmicas que, mais do que pararem o Vitória no último terço, fizeram com que os visitados tivessem de perder os equilíbrios no lançamento do ataque e, por conseguinte, tornarem-se mais insípidos em termos de criação efetiva de perigo.

Do lado dos dragões, há sempre espaço para pequenas alterações. Para as ditas nuances. O lance do golo é comprovativo de uma alteração que foi reprodutiva: a colocação de Nico Gonzalez mais como interior-esquerdo, quer como complemento à ação de Varela quer como hélice de todo um lote de reajustamentos: porque Gonçalo Borges pede mais corredor do que Francisco Conceição e, como tal, o passe longo também se pode exponenciar; e quando se muda o ala também pode ser necessário mexer no lateral. Sendo que neste ramalhete há espaço para a consolidação das dinâmicas: se Francisco casa bem com João Mário, então Gonçalo e Jorge Sanchez também podem constituir uma lucrativa sociedade por quotas.

A envolvência obedece a regras, com âncoras a segurarem o navio e a tripulação. Quando Sérgio Conceição se refere a Alan Varela e à sua performance refere-se, sobretudo, a duas questões: aos equilíbrios e aos timings. E à interligação entre ambos. Em traços gerais, sobretudo a real perceção dos tempos de ataque da equipa na sequência da perceção da receita do jogo. Não atacar à toa para não desguarnecer o reduto defensivo (leia-se também permitir transições ofensivas a um Vitória muito habituado a tal). Mas não deixar de atacar. Na realidade, as características de Varela – posse de bola, remate fácil e capacidade de recuperação – são bem mais benéficas se pontificarem na linha de ataque, sem que com isso deixe de ser um eficiente médio-defensivo. Tornar-se, no fundo, num médio-defensivo 2.0. De alto calibre.

É lógico que nestas eliminatórias é sempre bem mais positivo começar-se em vantagem. Não só porque já diz o povo que “candeia que vai à frente alumia duas vezes”, mas também porque, nesta narrativa, o FC Porto pode perfeitamente desempenhar o papel de Arsenal. Se o reconhecimento da vitória como fenómeno natural foi recuperado, impõe-se agora vitalidade para a batalha de sempre. A batalha da próxima temporada. Consolidar o onze e aproximar as segundas linhas das primeiras, com a certeza de que o que aconteceu nos oitavos da Liga dos Campeões não foi um epifenómeno. Foi uma certeza de juventude.

Nas contas da liga, o dragão também tem duas opções no seu Parlamento: ou alinha por uma narrativa racional de que o 3º lugar é para manter e que tal será um objetivo mínimo; ou então lança-se num pensamento frio e matemático mas quase utópico de que poderá ser possível alcançar algo mais.

A opção pela segunda hipótese parece clara. Porque, nesta altura, é imperioso que o ADN não se desvirtue. As temporadas são intervaladas e terão um ponto final no final de maio. Já os clubes e as suas estratégias continuam e, valha a verdade, se a próxima temporada for gloriosa já ninguém se lembrará das intempéries que assolaram o dragão em 2023/2024. Tempo cura tudo.

Blindar para proteger. Uma cápsula. Porque os atos eleitorais são importantes, são decisivos, mas devem pressupor um entendimento de equipa jovem e com tremenda margem de progressão. Tal como no Parlamento, há algumas questões que devem ser consensuais. Unânimes. Caso contrário o dragão entrará em espiral, e dragão que roda também cambaleia. E fica sem fôlego para labaredas. Jovens labaredas!

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