A atualidade no FC Porto não é apenas marcada pelos jogos que definirão o desfecho da temporada, mas também pelas eleições presidenciais que estão a causar enorme agitação nos corredores do Dragão.
No epicentro desta batalha política e desportiva encontramos dois nomes de peso: André Villas-Boas, uma figura já conhecida pelos seus feitos como treinador do FC Porto, e Pinto da Costa, uma presença icónica na história do clube que se candidata ao seu 16º mandato.
Contudo, recentemente, Vítor Baía, antigo guarda-redes e atual vice-presidente do FC Porto, fez declarações que reavivaram antigas polémicas, recordando o seu afastamento do clube em 2011, devido a desavenças com Antero Henrique, mentor da campanha de André Villas-Boas.
Baía expressou preocupação com a atual divisão interna e criticou a candidatura de Villas-Boas, acusando-a de querer transformar o clube num "entreposto de compra e venda de jogadores".
"Nunca vi o FC Porto tão dividido. Saí em 2011 incompatibilizado com o mentor da campanha do André, Antero Henrique. Saí por discordar da política desportiva desse senhor. Tentou aproveitar um problema de saúde do presidente para ganhar poder", recordou.
"Transformou o FC Porto num entreposto de jogadores, que nos levou a estar sob a alçada do fair play financeiro. O que há do outro lado? Gente que quer denegrir o nosso trabalho, com uma campanha suja", rematou o dirigente do FC Porto.
Essa intervenção de Vítor Baía não passou despercebida a Miguel Sousa Tavares, figura de destaque no universo portista, que manifestou a sua admiração pelo antigo guarda-redes, mas também questionou a sua entrada na campanha eleitoral.
"A lista eleitoral de Pinto da Costa contém nomes, quer como candidatos, quer como apoiantes, de gente de quem sou amigo, gente que julgo capaz e gente que admiro", começou por escrever Tavares, na sua coluna de opinião no jornal 'Record'.
"Entre os que ficam e que eu admiro, está Vítor Baía, um nome que diz muito a todos os portistas, como os de João Pinto ou António Oliveira, e que se mantém como vice-presidente", acrescentou.
Sousa Tavares sugeriu que Baía poderá ter sido instigado por Pinto da Costa a tomar a posição de se envolver no debate entre as duas candidaturas, levantando dúvidas sobre a sua genuinidade e motivações.
"Mas eis que com o aproximar da data de 27 de Abril, Baía resolveu entrar na campanha eleitoral, não sei se a mando do boss ou por genuína inquietação pessoal", observou o escritor.
"O facto é que o fez e com uma entrada a pés juntos. Com o pé direito acusou Villas-Boas de ter vindo dividir o FC Porto. Sim, porque para ele, tal como para o seu presidente, eleições são sinónimo de divisão", criticou.
"Eleições ali, só se forem com candidatos de fachada, como Nuno Lobo, para fingir que há democracia interna. O que diria o Vítor se Portugal fosse governado há 42 anos pelo mesmo partido e nos dissessem que era traição à pátria desafiar o seu poder", questionou Sousa Tavares.
As declarações de Baía em relação à candidatura de André Villas-Boas geraram ainda mais controvérsia, com críticas à sua visão sobre a democracia interna do clube e à gestão financeira da atual direção.
Sousa Tavares questionou se Baía estava verdadeiramente ciente das transações financeiras na SAD do FC Porto nos últimos anos, apontando exemplos de vendas de jogadores e a crescente dívida do clube.
"E, com o pé esquerdo, Baía acusou a candidatura de Villas Boas de "querer transformar o FC Porto num entreposto de compra e venda de jogadores". Estará a gozar connosco ou andou os últimos quatros anos a dormir na SAD?", perguntou o sócio portista.
"Não deu por nada do que lá se passou enquanto ali vice-presidiu: o Luís Díaz vendido por 20 milhões para o clube e o resto para ‘custos’; o Mbemba saído a custo zero e trocado pelos 20 milhões pagos pelo David Carmo e os 12 milhões por esse fenómeno do Otávio, do Famalicão", criticou Tavares.
"Francisco Conceição deixado sair por 1 para ser recomprado por 10, etc, etc? O que tem sido aquilo senão um entreposto de negócios inexplicáveis e mesmo assim incapazes de conter uma dívida sempre crescente e que já vai nos 500 milhões?", rematou Miguel Sousa Tavares.