"Schmidt é treinador de um dos maiores clubes do mundo. Muitas vezes esquece-se disso"

"Ele veio para um país que a cultura de exigência, principalmente para os três clubes grandes, é elevadíssima", observou Fernando Mendes.

A estratégia de manter a mesma equipa da primeira mão na Luz, onde o Benfica conseguiu sair com uma vantagem mínima na eliminatória, não surtiu os efeitos certamente desejados por Roger Schmidt, culminando na queda da única equipa portuguesa resistente na competição.

O técnico germânico, outrora aclamado pela nação benfiquista e conhecido pela sua filosofia de "equipa que vence, não se mexe", enfrentou críticas após o desaire das águias na lotaria dos penáltis.

Ángel Di María e António Silva, dois dos jogadores mais cotados e importantes do plantel encarnado, falharam as suas penalidades, e foram destaque numa noite de desilusão para os adeptos benfiquistas.

"Há treinadores que pensam que não têm que dar justificações a ninguém"

Com esta eliminação, as esperanças de conquistar títulos significativos nesta temporada reduziram-se consideravelmente para o Benfica, que até ao momento tem apenas a Supertaça Cândido de Oliveira no palmarés desta época.

Roger Schmidt, após o jogo, decidiu não cumprimentar os adeptos com a restante equipa e, já aos jornalistas, recusou-se a dar justificações à massa associativa encarnada, preferindo concentrar-se nos próximos desafios da equipa no campeonato nacional.

"Eu não tenho de justificar nada, posso dar-vos o meu comentário sobre o jogo", reiterou Schmidt, técnico que mal ouviu o apito final do árbitro encaminhou-se para os balneários.

"Estava desapontado e sabia que os jogadores estavam muito desapontados, e nestes momentos não se pode dizer muita coisa. Não há nada que atenue a dor", assumiu, antes de apontar a mira para os desafios futuros.

"O resto da época é fazer cinco jogos de topo. Temos de estar preparados já na segunda-feira para o desafio com o Farense e para fazer um bom jogo", rematou.

No entanto, essa postura adotada pelo técnico encarnado não foi bem recebida por todos. Fernando Mendes, antigo jogador e agora comentador, expressou recentemente o seu descontentamento com a atitude de Schmidt.

Em declarações na CMTV, o comentador afeto ao Sporting, considerou que o treinador alemão não reconhece a dimensão e a exigência que o Benfica representa como um dos grandes clubes do mundo.

"Mentalidades diferentes. Há treinadores que não atuam desta maneira. Ou não dão, ou eles pensam que não têm que dar justificações a ninguém", começou por destacar Mendes.

"Só que há aqui uma coisa que acho que o Roger Schmidt se esqueceu. Esqueceu-se que é treinador de um dos maiores clubes, quer goste-se ou não, do mundo", observou o antigo internacional português.

Mendes salientou ainda a importância da cultura de exigência nos grandes clubes portugueses e a responsabilidade inerente a quem lidera uma equipa com a história e a projeção internacional do Benfica.

"Muitas vezes ele esquece-se disso. Ele veio para um país que a cultura de exigência, principalmente para os três clubes grandes, é elevadíssima, isso é um fato", salientou.

"Ele está inserido num clube que tem essa responsabilidade", rematou Fernando Mendes.

As críticas de Mendes refletem não apenas a frustração dos adeptos encarnados com a eliminação na Liga Europa, mas também a necessidade de transparência e responsabilidade por parte dos líderes técnicos em clubes da dimensão do Benfica.

O desapontamento dos adeptos exige respostas, especialmente quando se trata de competições tão prestigiadas como a Liga Europa.

O desafio agora para Roger Schmidt e o Benfica é recuperar o foco e a determinação para os cinco jogos restantes no campeonato nacional.

A equipa precisa de se reerguer rapidamente para manter viva a esperança de conquistar um título nesta época e, assim, mitigar as críticas e descontentamentos que pairam sobre o clube após esta eliminação na Liga Europa.