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Bloco de Notas: Quanto vale um Euro alargado?

O Campeonato da Europa a 24 equipas tem revelado algumas surpresas. As equipas menos habituais nestas andanças têm feito boa figura, sobretudo a Islândia e o País de Gales. E isto é positivo para o futebol europeu? Sim, claro. Contudo, uma grande competição não pode viver só de surpresas.

Bloco de Notas: Quanto vale um Euro alargado?

Qualquer produto ligado ao futebol precisa de incerteza, competitividade e emotividade para triunfar. Por muito enleante que seja o jogo de uma equipa, se os adversários do seu campeonato não constituírem oposição, a competição que junta um tubarão com peixes demasiado pequenos está condenada a viver nas sombras do reconhecimento.

Assim sendo, um qualquer campeonato ou taça precisa de equipas que queiram jogar futebol para triunfar. De preferência, precisa de equipas que levem a incerteza até ao limite. Se é certo que o papel de um treinador é minimizar o caos do jogo, a principal função das entidades que organizam uma competição de futebol é favorecer as dúvidas. Dito isto, que balanço se pode fazer deste Euro alargado com a chancela de Michel Platini?

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Para já, a qualidade futebolística tem sido apenas razoável. Há incertezas, mas não há emotividade. A Alemanha destaca-se dos demais pela qualidade do seu jogo e a Itália mostra-se como a equipa mais capaz de perturbar o favoritismo germânico. O País de Gales surpreende por aquilo que o trio Allen, Bale e Ramsey consegue fazer e a Islândia já deixou a Europa de boca aberta pelos dois milagres perpetrados na sua caminhada até aos quartos-de-final. A França alterna momentos de inspiração com outros de aflição e Portugal é um quase-deserto de ideias. Os bons jogos, daqueles com qualidade constante, têm sido muito poucos. Já as desilusões têm acontecido bem mais regularmente.

Apesar da qualificação facilitada, quer para o Europeu quer para os oitavos de final do mesmo, seleções como a holandesa, a russa, a inglesa e, até, a espanhola (pela falta de algo mais que se exige a um campeão em título nas partidas frente à Croácia e à Itália) têm desiludido. A primeira não apareceu, a segunda foi a pior equipa da fase de grupos, as duas últimas não convenceram na fase a eliminar. Aliás, a Inglaterra não convenceu nem na fase de grupos.

Se a existência de surpresas é positiva para a reputação e para o interesse pela competição – todos gostamos de pequenos que batem o pé a gigantes – a falta de qualidade do jogo da maioria das médias e grandes equipas é o maior inimigo da notoriedade de uma grande prova de futebol. Quantas vezes já falámos daquele jogo que nos deixou verdadeiramente colados ao televisor? Provavelmente vezes de menos para tantas expetativas.

Num campeonato onde os pequenos estão a ser competitivos no campo e brilhantes fora dele (a Irlanda do Norte e a Islândia merecem esta menção de forma particular), são (quase todos) os grandes que tardam em mostrar o melhor futebol da Europa. Se o futebol apresentado não tem sido o melhor, a responsabilidade não pode ser atribuída aos nomes que não estávamos habituados a ver em campeonatos da Europa. Nem à UEFA com a sua decisão de alargar a competição. A responsabilidade residirá somente em projetos futebolísticos datados ou inexistentes.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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