Declarações dos treinadores do Benfica, Jorge Jesus, e do Estoril-Praia, José Couceiro, após o triunfo dos "encarnados" por 6-0, em encontro da 23.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol.
Jorge Jesus (Treinador do Benfica): "Não sei se este foi o melhor jogo do Benfica esta temporada. A verdade é que nunca tínhamos chegado ao intervalo a vencer por 4-0. Esta foi uma boa prenda pelos 111 anos do Benfica. Foi a cereja em cima do bolo.
O Estoril-Praia é uma boa equipa, mas na primeira parte não conseguiu para ofensivamente o Benfica. O facto de terem perdido por 6-0 não tira qualidade à equipa. É um período que todas as equipas têm. Está num período negativo, mas tem capacidade para dar a volta a isso.
Depois de ganharmos, vamos saber amanhã (domingo) se vamos ficar com mais pontos de vantagem sobre o FC Porto ou sobre o Sporting ou dos dois, se empatarem. Tudo o que acontecer no jogo dos nossos rivais é indiferente para nós.
Sentimos que ao estar a ganhar por 3-0, com muito tempo para ganhar, poderíamos fazer mais golos. Hoje, o Benfica correspondeu a isso. Falámos no grupo que isso seria importante.
Pizzi, hoje, esteve bem, marcou um golo e tem argumentos para fazer melhor. Temos dois jogadores para aquela posição, o Talisca e o Pizzi. Ele hoje aproveitou a baixa de rendimento do Talisca.
Tenho muitos anos de futebol e no futebol não há ‘ses’. Aquilo que tínhamos de fazer era vencer. A partir daqui, tudo o que puder acontecer com os nossos rivais é importante, mas mais importante é o Benfica continuar a fazer o seu trabalho. Queremos defender esta diferença pontual.
Ninguém tem dúvida que Nico Gaitan é um talento individual e um talento do jogo de equipa. O facto de ter estado mês e meio parado não se sentiu porque é tecnicamente evoluído".
José Couceiro (treinador do Estoril-Praia): "Entrámos no jogo de forma muito passiva. Na primeira parte, tivemos praticamente em posição passiva. Fomos pouco agressivos, demos muitos espaços e o Benfica esteve muito bem. O jogo resolve-se nesse período.
Na segunda parte, entrámos melhor, mais agressivos e a ter mais posse de bola. Houve muita falta de bom-senso. A expulsão de Anderson Esiti não é para dar um segundo cartão amarelo. Não justifica a derrota, obviamente, mas demonstra bem aquilo que disse na antevisão do jogo. Também tenho muitas dúvidas no lance da grande penalidade.
O resultado de 6-0 é muito pesado. A nossa primeira parte foi má e a responsabilidade é nossa.
Há neste momento uma falta de confiança. A quantidade de jogadores que perdemos e que se lesionaram retirou capacidade à equipa. Hoje, como foi visível, acusámos também alguma falta de experiência. Temos muitos jogadores a fazer o primeiro ano de I Liga.
Vamos ter de fazer uma análise nossa. Se o treinador for parte do problema, será a solução mais fácil de resolver. As derrotas não dão confiança a ninguém. Podia aqui arranjar uma série de justificações. Se tivéssemos feito mais três ou quatro pontos não estávamos a falar disso. O golo anulado frente à Académica, o golo que sofremos na Madeira quando a bola não entrou e as lesões.
Quando vim para o Estoril-Praia, o que me foi pedido foi uma época de transição, com o objetivo de ficar na I Liga. A equipa não está muito longe de o conseguir. Fazer crescer jogadores dentro destas condições é mais difícil. Com vitórias é mais fácil. Se se chegar à conclusão que uma alteração técnica resolve os problemas, todos saberão então a coisa mais fácil de fazer.
Anderson Esiti é um jogador de grande potencial, mas não tem a maturidade de Gonçalo Santos. Não sabe, por exemplo, meter ‘gelo’ no jogo. Tenho experiência suficiente para saber que é necessário confiança."