O internacional espanhol Gerard Piqué, do Barcelona, disse hoje que se o selecionador espanhol ou algum membro da Federação espanhola o vir como um problema, pode “deixar a seleção antes de 2018”.
O defesa central, de 30 anos, falava na zona mista após o encontro entre o ‘Barça’ e o Las Palmas (3-0) à porta fechada, na sequência dos acontecimentos na Catalunha, onde hoje se realizou um referendo pela independência não validado por Madrid, que esteve na origem de confrontos entre a polícia e a população.
“Se o treinador (Julen Lopetegui) ou qualquer pessoa da federação pensar que sou um problema, não tenho nenhum problema em dar um passo ao lado e deixar a seleção antes de 2018”, explicou o jogador, que já anunciou a retirada da ‘roja’ após o Mundial2018, na Rússia.
Na opinião do defesa catalão, atuar pela seleção espanhola “não é uma questão de patriotismo” e é possível representar o país e apoiar o referendo de autodeterminação da Catalunha.
“Acho que posso continuar a jogar na seleção porque há muita gente em Espanha que está em total desacordo com os atos que hoje aconteceram na Catalunha, e que acreditam de verdade na democracia”, acrescentou Piqué, que estava visivelmente emocionado durante a declaração.
Antes, o técnico dos catalães Ernesto Valverde admitiu que, pouco antes do encontro da sétima jornada da Liga Espanhola, ninguém no balneário sabia se haveria jogo.
“Debatemos o jogo entre o plantel. Foi muito difícil jogar depois do que se tem passado. Está a ser um dia muito duro, em que famílias, filhos, avós, quiseram ir votar e a Polícia Nacional e a Guarda Civil... as imagens falam por si mesmas. O mundo viu os atos de hoje e creio que terão consequências”, apontou o futebolista, que confessou “só querer que o jogo acabasse, porque eram três pontos e nada mais”.
Instado a deixar uma mensagem para Espanha, Piqué disse que a Catalunha “só quer poder votar” e criticou o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, que tomou “uma das piores decisões dos últimos 50 anos” com a atuação da polícia nacional.
“Estou muito, muito orgulhoso da Catalunha e da sua gente, que merece tudo e ainda mais, como se manifestaram e o quão pacíficos que foram. Apesar da violência, não responderam. Que sejam sempre assim, por muito que os incitem ou queiram que entrem em confusão. Que se manifestem e cantem bem alto”, acrescentou.