Bernardino Pedroto ao F365: «Kabuscorp foi campeão com total mérito»

Na sua opinião, Benfica e FC Porto têm estado pior do que Sporting, apesar de a liderança pertencer aos nortenhos. No Girabola, o Kabuscorp foi um campeão justo e incontestável. Portugal poderá derrotar a Suécia. Sobre o seu futuro enquanto treinador profissional, aos 60 anos, Bernardino Pedroto ainda admite voltar a treinar no campeonato português.

F365: O Kabuscorp é o novo campeão do Girabola. Edouard Antranik e os seus pupilos estão assim tão distantes da concorrência, tal como a sua pontuação final sugere?

Bernardino Pedroto: O Kabuscorp foi campeão com grande e total mérito. Edouard Antranik, os seus colaboradores técnicos, os seus dirigentes e, os mais importantes, os atletas que trabalharam nesta equipa, estão de parabéns. Não existe qualquer dúvida quanto ao mérito que todos estes elementos tiveram na conquista do Girabola. A diferença pontual que conseguiram em relação aos seus mais diretos opositores, nestas circunstâncias, não é relevante. Analisar esta questão é como discutir o sexo dos Anjos. Cada um fez o que estava ao seu alcance e todos, tenho a certeza, valorizaram a vitória do Kabuscorp.

F365: Acompanha o futebol português? FC Porto, Benfica ou Sporting: qual o maior candidato ao título?

Bernardino Pedroto: Neste momento, temos inesperadamente um Sporting ‘mais’ e um FC Porto e um Benfica ‘menos’. Ou seja, qualquer destas equipas (não acredito muito que haja uma quarta equipa a intrometer-se nesta luta) está a fazer um campeonato fora das melhores expectativas sugeridas inicialmente. É muito cedo para fazer outra análise, mais exaustiva e mais elaborada tecnicamente, pois ainda há muito para jogar. E por uma questão de princípios e de ética ficarei por aqui, não gosto de ferir suscetibilidades.

F365: Pensa voltar a treinar em Portugal?

Bernardino Pedroto: Claro que sim. Apenas sim.

F365: Acredita que os técnicos da sua geração têm mais dificuldades para regressar ao país depois de se aventurarem no estrangeiro? Temos os exemplos de Jaime Pacheco e Manuel José…

Bernardino Pedroto: É uma questão que encerra um conjunto de exercícios analíticos muito grandes. O que me ensinaram, estudei e estudo constantemente, e é por isso que acredito nas ciências e nos caminhos novos, constantes e intermináveis que nos sugerem, é o seguinte: 'Da prática (jogador), à teoria (estudos) e desta, volta (aplicação) à prática (treinador)'. Quanto maior e melhor forem estes, melhor você se torna. O conhecimento não é um ato inflexível. Não tem uma coordenada ou uma única orientação. Acredito que, quanto maior e mais ricos forem uns e outros, nos tornaremos, de certeza melhores, mais eficazes e mais eficientes. A maturidade é a experiência preenchida dos diversos momentos ricos, virtuosos, bons e maus que vamos tendo ao longo da nossa vida e é, por todas estas razões, uma virtude que não está ao alcance de todos. Serão poucos aqueles que conseguem ter oportunidade de a conseguir experimentar. Estas características nada têm que ver com as gerações ‘A’ ou ‘B’. Aqueles que criaram esse ‘monstro’, acredite, serão os mesmos que o vão destruir. O tempo vai-se encarregar deste assunto.

F365: Para terminar, acredita que a seleção portuguesa vai ao Mundial-2014, mesmo com a Suécia pela frente?

Bernardino Pedroto: Já dizia o meu saudoso amigo José Torres: ‘Deixem-nos sonhar!’. Acredito. Mas, atenção, Portugal terá que fazer dois grandes jogos, à imagem do valor coletivo e individual que a nossa seleção já demonstrou inúmeras vezes. Temos que ser uma equipa solidária, generosa, concentrada e muito dedicada. O historial que temos com a seleção sueca não me preocupa, nem deve preocupar aqueles que vão desempenhar as suas tarefas de uma maneira irrepreensível, que são os treinadores e os jogadores. Nestes tenho uma inestimável confiança. Força Portugal! Vamos ao Brasil!