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No texto da semana passada, a propósito de Ricardo Quaresma, fizemos referência às pouco comuns debilidades que a estrutura do FC Porto está a apresentar na presente temporada. No fundo, a organização portista não tem conseguido evitar ‘ruídos’ que, por norma, não existiam. Das declarações de Quintero e Defour à incapacidade de resguardar Paulo Fonseca, a atual época desportiva tem mostrado que não é fácil lidar com crises, sobretudo quando não se está precavido.
O último Clássico entre Sporting e FC Porto serviu, essencialmente, para quatro coisas: confirmou as boas ideias da equipa de Leonardo Jardim, reforçou a desconfiança em relação à capacidade atual dos portistas, mostrou que Paulo Fonseca ainda não está familiarizado com a marca que o FC Porto tem construído e deu início à sucessão de Helton.
Se é certo que o também brasileiro Fabiano confirmou que tem qualidade para defender as redes portistas, as sucessivas notícias que se seguiram – todas elas a anunciar o futuro titular da baliza azul e branca – tinham tudo para se tornar em mais um problema para os atuais campeões nacionais.
De forma muito sucinta, Helton estava prestes a entrar numa máquina mediática muito particular e que lhe podia ser francamente negativa. Se é certo que o jornalismo atual – como a sociedade contemporânea – é marcado pela volubilidade, com as notícias a sucederem-se instantaneamente, tendo pouco tempo para deixar ‘raízes’, o jornalismo desportivo segue lógicas diferentes. Desde logo, porque se centra, no caso português, em três clubes de uma única modalidade.
Mesmo que não haja nada de novo, Benfica, FC Porto e Sporting serão notícia. Daí que uma possível novela Helton-Fabiano tivesse tudo para ocupar a agenda por muito tempo. Ora, as notícias produzidas nesse tempo significariam mais um objeto indesejado numa engrenagem que, correntemente, precisa é de ser afinada. Impunha-se uma resposta à altura e esta chegou depressa.
O anúncio da renovação de Helton foi a ação de comunicação que se impunha. Prolongar o contrato por mais um ano e permitir que um dos líderes do balneário complete uma década de dragão ao peito foi a aposta certa, sobretudo quando conjugada com a defesa em tom correto empreendida por Paulo Fonseca. Com este anúncio, o FC Porto desfez dúvidas e reforçou a confiança de um dos seus jogadores mais importantes.
Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.
