Enigmática Coreia do Norte já pensa em ser campeã mundial em 2019

A comitiva da formação asiática recebeu a agência Lusa minutos antes de iniciar mais um treino no Complexo Desportivo Arsénio Catuna, na Guia, o último antes de defrontar Portugal na terceira jornada do Grupo C da prova algarvia.

Apesar de inicialmente estar prevista uma pequena entrevista como o selecionador Kim Kwang Min e com algumas jogadoras, apenas Ri Kwang Chol, que se apresentou como assessor de imprensa e também diretor técnico da equipa, pôde prestar declarações e com a condição de a conversa não ser gravada.

De acordo com Chol, o selecionador estava constipado e, por isso, não se encontrava em condições para prestar declarações, enquanto o resto da equipa já estava concentrada para o jogo com a seleção portuguesa.

“É a primeira vez que estou em Portugal desde que nasci. Eu e nós todos", começou por dizer à Lusa Ri Kwang Chol, em tom de brincadeira e num inglês pouco trabalhado, enquanto subia as pequenas escadas que dão acesso ao relvado do complexo.

A experiência está a ser muito agradável: “Estamos muito felizes por estar aqui. É um torneio em que o nível técnico das equipas é muito alto e tem sido uma experiência única estar a defrontar equipas de todo o Mundo e estar a viajar pela Europa".

A Coreia do Norte ocupa o 10.º lugar do ranking mundial, mas em 2011 protagonizou um dos maiores casos de doping num torneio da FIFA, quando cinco jogadoras acusaram esteroides durante o Campeonato do Mundo, que decorreu na Alemanha.

A comitiva norte-coreana defendeu na altura que a substância que as jogadoras acusaram era resultado de um medicamento tradicional que tinham tomado, depois de terem sido atingidas por um raio durante um treino. Mesmo assim, a FIFA baniu a equipa de participar no Mundial de 2015.

Sobre este episódio, Ri Kwang Chol optou inicialmente por referir apenas que a Coreia do Norte tinha "falhado a qualificação" para o próximo Campeonato do Mundo.

"Fazemos parte da FIFA e respeitamos a decisão, mas já estamos a trabalhar para ser campeões mundiais em 2019", afirmou o norte-coreano, depois de ter sido novamente questionado sobre o incidente do último Mundial.

Com o objetivo de, daqui a cinco anos, levantar o troféu mais importante do futebol feminino, a Coreia do Norte trouxe uma equipa bem jovem para a Algarve Cup, com as jogadores a terem idades entre os 18 e os 24 anos.

"A equipa é quase totalmente nova e sabemos que é com a participação nestes torneios que podemos ganhar ainda mais experiência", disse Ri Kwang Chol.

Depois de triunfos sobre a Rússia e a Áustria, o próximo teste será hoje, frente a Portugal, no encontro que encerra a fase de grupos da Algarve Cup.

"Não sabemos os nomes das jogadoras portuguesas, mas sabemos os números das camisolas, a data de nascimento e a altura de cada uma", revelou o diretor técnico norte-coreano.

Poucos segundos depois do fim da entrevista, as jogadoras tiveram autorização para subir ao relvado, dirigindo-se em completo silêncio para junto do selecionador Kim Kwang Min.

E foi sempre em silêncio que as norte-coreanas se mantiveram durante os cinco minutos iniciais do treino que esteve aberto para a agência Lusa.