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Elogios ao futebolista Carlos Mané orgulham “avô” que lutou por Portugal

Infamará Mané, 65 anos, vive orgulhoso ao ouvir o nome do "neto" futebolista, Carlos Mané, na boca dos políticos que andam em campanha eleitoral na Guiné-Bissau e que o apontam como um exemplar filho da nação.

Elogios ao futebolista Carlos Mané orgulham “avô” que lutou por Portugal

Os futebolistas guineenses a jogar em grandes clubes são um dos poucos consolos para a autoestima de um dos países mais pobres do mundo, conhecido pela instabilidade política e militar.

Neste pedaço de terra africana, Infamará é um benfiquista com pouca paciência para futebol, guineense que combateu ao lado dos portugueses na guerra colonial, e que foi a tábua de salvação de quatro sobrinhos quando um irmão faleceu.

Criou-os como um avô e entre eles estava o pai de uma estrela sportinguista que havia de nascer já em Portugal, em 1994, e que promete ir longe.

Infamará nunca teve laços com "Midana", como os familiares em Bissau tratam Carlos Mané, e já não o vê desde os quatro anos de idade.

"Só o vejo na televisão. Fico muito satisfeito e gosto do futebol dele".

O sonho era um dia encontrá-lo e conhecer Portugal, o país pelo qual combateu em Guidage (norte da Guiné-Bissau) e Bissau, entre 1971 e 1974, e que nunca visitou.

Numa velha arca, Infamará guarda fotografias e velhos documentos relacionados com a sua vida como militar português e que se misturam com outras imagens já nas fileiras do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), após a independência reconhecida por Portugal em 1974.

Desse passado, já pouco se fala, agora o tema de todos os dias é o futebol português.

Ao lado de Infamará, à porta de casa, na zona central de Bissau, juntam-se à conversa outros familiares da estrela do futebol, entre eles Vítor Mané, tio do futebolista que ainda se lembra de lhe comprar sorvetes em Catió, no sul do país.

"Eu só fico zangado se ele marcar golos contra o Benfica, contra o meu clube", desabafa Vítor, que ainda assim espera vê-lo chegar longe.

"Gosto de o ver fazer aquelas fintas. Acho que pode chegar ao patamar do Cristiano Ronaldo e do Messi", refere, sem hesitações.

Vítor Mané não tem grandes dúvidas de que o sobrinho vai estar dentro de pouco tempo noutro país europeu por ser um futebolista cobiçado por grandes clubes.

Os atletas luso-guineenses Carlos Mané (Sporting) e Bruma (Galatasaray, Turquia) têm sido nomes em destaque em ações de campanha eleitoral na Guiné-Bissau, como os "irmãos" que chegaram longe.

São apontados como exemplo das capacidades dos "filhos da terra" quando lhes são dadas oportunidades, desde que haja paz a estabilidade política - algo que a Guiné-Bissau nunca teve em 40 anos de independência.

Golpes de Estado sucessivos, assassínios entre políticos e militares, uma guerra civil (1998 e 1999) e legislaturas nunca concluídas compõem a imagem de marca do país.

A esperança na mudança renova-se com as eleições gerais (presidenciais e legislativas) marcadas para domingo com 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrer à Assembleia Nacional Popular.

São as primeiras eleições depois do golpe de Estado de 12 abril de 2012.

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