Mundial-2014: João Pereira diz que só um milagre evita eliminação

Depois da goleada sofrida na estreia no Grupo G da fase final frente à Alemanha, por 4-0, e do empate 2-2 concedido no domingo perante os Estados Unidos, o defesa lateral direito admitiu que Portugal está no "fio da navalha", mesmo que vença o Gana na quinta-feira, na última jornada.

"Enquanto for matematicamente possível [o apuramento] temos de acreditar. Sabemos que tem de haver uma conjugação de resultados que não é fácil, é quase um milagre que tem de acontecer, mas temos de nos agarrar a essa réstia de esperança", observou João Pereira, em conferência de imprensa.

Apesar de saber que "é necessário esperar para ver o que acontece no outro jogo" do grupo, pois, além de bater a representação africana, Portugal terá também de esperar por um resultado favorável no Estados Unidos-Alemanha, o defesa deixou a advertência: "Para já, ainda não nos fomos embora deste Campeonato do Mundo".

"Enquanto for possível o milagre, em vez de arranjarmos desculpas, vamos tentar arranjar soluções", notou João Pereira, que não hesitou em atribuir nota negativa ao desempenho da equipa: "Neste momento esperávamos ter, no mínimo, três pontos e só temos um, obtido com muita dificuldade, no último minuto. A nota tem de ser negativa".

Para o jogador do Valência, de 30 anos, a seleção portuguesa tinha a "responsabilidade e o dever de ganhar aos Estados Unidos", mas recusou que os resultados negativos no Mundial2014 se devam à falta de qualidade da equipa, lembrando que estão no Brasil os mesmos jogadores que atingiram as meias-finais do Euro2012.

"Há dois anos toda a gente dizia que tínhamos muita qualidade. A qualidade não fugiu, não se foi embora. Podemos não estar entre as duas ou três melhores seleções do Mundo, mas temos muita qualidade", sustentou João Pereira, rejeitando a necessidade de uma renovação, pois "há muitos jogadores com valor para continuar a representar a seleção".

O habitual titular do lado direito da defesa nacional notou que "ninguém está mais triste do que os jogadores", que são "os culpados das boas e más decisões" e que na quinta-feira, após a partida com o Gana, estarão presentes para "dar a cara", seja pelo apuramento para os oitavos de final, seja para "assumir a desilusão" da eliminação.

Se o elevado número de lesões durante o estágio e a competição são "questões que devem ser colocadas aos médicos e fisioterapeutas", a relação entre a escolha de Campinas para sede da comitiva lusa durante o torneio e a condição física dos atletas não suscita qualquer perplexidade a João Pereira.

"Ontem, depois de sofrermos o 2-1, quando toda a gente já nos dava por acabados, fomos atrás, o golo do Varela deu-nos um mínimo de esperança. Se estamos mal fisicamente e depois dos 90 minutos fomos atrás do resultado para não morrermos aqui e não irmos para casa na segunda jornada do Mundial...", assinalou.