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Bloco de Notas: Jorge Mendes e um 'modelo desportivo' para o Valência

Após vários meses de avanços e recuos, o magnata Peter Lim pode finalmente ser tratado como o dono do Valência. Ainda assim, há muito que se fazia sentir a influência do singapurense na formação da liga espanhola. Os 'empréstimos' de André Gomes e Rodrigo à formação orientada por Nuno Espírito Santo são disso exemplo, tendo sido a solução encontrada para contornar os atrasos da aquisição. Mas falar de Peter Lim é também falar de Jorge Mendes.

Bloco de Notas: Jorge Mendes e um 'modelo desportivo' para o Valência

O empresário português é o braço direito de Peter Lim. Jorge Mendes é uma espécie de arquiteto dos sonhos futebolísticos de milionários acabados de entrar no futebol. Já o tinha sido (e ainda é) aquando da aquisição do Mónaco por Dmitry Rybolovlev, por exemplo. A centralidade de Jorge Mendes em novos projetos é facilmente compreensível: o empresário português é uma das personalidades mais influentes do mundo do futebol. Para o bem e para o mal.

Alguns dos melhores jogadores da atualidade são agenciados pela Gestifute, de Jorge Mendes. O mesmo sucede com os treinadores. Assim sendo, ter boas relações com o agente garante, à partida, a 'pole position' na aquisição dos serviços de alguns dos melhores atletas e técnicos. Para além disto, Jorge Mendes mantém boas relações com diversos clubes, o que facilita a mediação de compras de vendas de gente que nem precisa de ser representada pelo português.

Apesar de todas estas vantagens, centrar a criação de um 'modelo desportivo' para um clube num único empresário – como afirmou Amadeo Salvo, presidente do Valência – merece algumas reflexões.

A outra face da moeda do poder e da influência de alguém como Jorge Mendes num clube de futebol é a dependência. Torna-se claro que há, num modelo deste género, a necessidade de cuidar de mais um tipo de interesse. O empresário do clube passa a ser um importantíssimo stakeholder. Pode não deter ações – ser um shareholder –, mas é mais um público com interesse na organização. É, aliás, uma parte com enorme poder. O que problematiza a sustentabilidade do chamado modelo desportivo. Este é pensado para quem e para quando? É para criar algo único e próprio ou o modelo desportivo é apenas uma metáfora para plataforma de negócios? Como serão resolvidas as eventuais disputas entre clubes assessorados pelo mesmo empresário?

Estas questões levam, necessariamente, a uma outra parte interessada do clube, àquela que está e terá sempre de estar no seu núcleo: os adeptos. Estes são um público tendencialmente conservador, cuja memória remonta a um tempo em que o futebol era algo bem mais simples. Era um desporto e uma paixão, apenas. Era algo entre clubes, jogadores e adeptos. Não havia mais nada ou ninguém. E agora há, o que pode levantar resistências.

Perceber como Jorge Mendes será encarado pela 'afición' valenciana é uma das maiores curiosidades, sobretudo quando existirem problemas. O Deportivo da Corunha de há dois anos pode ser um exemplo a ter em conta.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.

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