Bloco de Notas: A boa gestão de carreira de Vítor Pereira

A carreira de Vítor Pereira, 46 anos, ainda é bastante curta para um treinador com a sua idade, tendo começado muito mais tarde ao alto nível, em comparação com outros compatriotas como José Mourinho ou André Villas-Boas. Contudo, o técnico luso parece talhado para conquistar títulos e no Olympiacos tem tudo para o conseguir. A curto prazo.

Não sou daqueles que defendem que um treinador só é bom se ganhar títulos, mas também nenhum treinador poderá chegar ao topo entre os seus pares se não tiver um bom pecúlio de conquistas no seu currículo. Pois bem, com passos de bebé, Vítor Pereira está a construir uma carreira sustentada e com títulos.

Senão vejamos: nos dois anos em que foi treinador-adjunto de André Villas-Boas, Vítor Pereira somou um Campeonato Português, uma Taça de Portugal e uma Liga Europa. No ano seguinte, com a saída do seu colega para o Chelsea, assumiu o comando do FC Porto a solo. Entre 2011 e 2013 somou ao seu pecúlio dois Campeonatos e duas Supertaças de Portugal, com a particularidade de ter sofrido uma única derrota em dois anos na Liga Zon Sagres.

Apesar de ter já garantido que Pinto da Costa pretendia a sua continuidade, Vítor Pereira decidiu sair para os árabes do Al-Ahli, onde nada conquistou, mas aumentou deveras a conta bancária e pareceu ter saído a bem com os adeptos.

No período de tempo em que esteve sem treinar, antes de rumar ao Olympiacos, Vítor Pereira aproveitou para fortalecer a sua imagem em Portugal. Revelou-se um analista muito competente como comentador desportivo na RTP Informação e a má época do FC Porto em 2013-14, com Paulo Fonseca e Luís Castro, até fez com que alguns adeptos que não apreciaram o seu trabalho no Estádio do Dragão suspirassem pelo seu regresso.

Embora não se saiba se foi por vontade de Vítor Pereira ou do clube, o treinador português acabou por tomar uma excelente decisão neste defeso: não rumou ao Crystal Palace. No emblema londrino, Vítor Pereira correria o risco de não se adaptar à realidade da Premier League ou então 'apenas' salvar a equipa inglesa da despromoção. No Selhurst Park, os títulos seriam sempre uma ilusão e estaria bastante longe dos holofotes das competições europeias.

No Olympiacos, Vítor Pereira terá oportunidade de vencer o Campeonato Grego (segue a apenas um ponto de distância do líder PAOK) e oferecer o pentacampeonato à turma do Piraeus. Está ainda em bom plano na Taça da Grécia e defrontará o Dnipro nos 16-avos-de-final da Liga Europa, naturalmente com hipóteses de apuramento. Os títulos poderão acontecer com naturalidade e, mais do que isso, surgir no imediato.

Ao contrário de colegas que parecem desastrosos a gerir as suas carreiras - falo, por exemplo, de Domingos Paciência e Paulo Sérgio - Vítor Pereira tem conseguido crescer de forma sustentada. No Olympiacos poderá aproveitar a Liga Europa para se mostrar a equipas de maior tarimba no Velho Continente. Se isto não acontecer, acrescentará certamente títulos ao seu currículo, uma vez que na Grécia manda o Olympiacos. Há alguns anos.

Se tudo correr como está a planear, Vítor Pereira poderá brevemente rumar a um clube da classe média-alta europeia, à semelhança de Nuno Espírito Santo, que está a realizar um bom trabalho no Valência, mas teve a sorte de 'pegar' numa equipa com a qual trabalha de perto o seu empresário: Jorge Mendes.

Como em tudo na vida, também no futebol não basta sermos bons. É preciso conciliar a qualidade, os bons métodos de trabalho e uma pontinha de sorte a boas decisões. E, a meu ver, Vítor Pereira está a construir uma carreira muito bem pensada e com todos estes ingredientes.

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