Os desafios de Rui Vitória num novo Benfica

Oficialmente, a época ainda não começou no Benfica mas o seu treinador já anda pelo Seixal a trabalhar. Rui Vitória voltou de umas curtas férias na última quinta-feira e começou a preparar aquele que vai ser o 'seu' Benfica. Uma temporada que promete muito trabalho e superação para vencer alguns desafios.

Acabar com o ciclo de Jesus

Já o foi dito pelo presidente Luís Filipe Vieira e o próprio Rui Vitória no dia em que foi apresentado reforçou a ideia: este é um novo ciclo que começa no Benfica. Nem melhor, nem pior, simplesmente diferente. Uma ideia importante que os adeptos do Benfica devem passar a encarar com naturalidade. Será mais fácil para Rui Vitória se conseguir fazer entender aos aficionados do clube da Luz que este já não é o Benfica que se habituaram a ver nos últimos seis anos.

Desmistificar a aposta na formação

Rui Vitória está no clube há pouco mais de um mês mas já demonstrou inteligência na forma como comunica. O treinador do Benfica já explicou aos adeptos, logo no dia da sua apresentação, que a formação ia ser importante mas que o projeto não se devia centrar somente nisso. Ainda hoje, na edição do jornal A Bola, Rui Vitória afirmou que «não se consegue ganhar só com a formação».

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Uma declaração inteligente por parte de um treinador que demonstra, desde já, muita lucidez. Já o disse neste espaço, os adeptos gostam de ouvir falar em formação e desejam ver jogadores formados no clube na equipa principal. No entanto, num clube com as exigências do Benfica, apostar somente nos jovens não garante títulos. Rui Vitória sabe-o bem e está a ser inteligente ao dizer isso aos adeptos.

Vencer o fator tempo

Este é, a meu ver, o maior desafio de Rui Vitória: o tempo. Uma coisa é trabalhar no Vitória de Guimarães onde, apesar da grandeza do clube minhoto, se tem mais tempo para trabalhar e para potenciar os jovens da formação como os adeptos tanto querem, outra é fazê-lo no Benfica.

Num clube grande as exigências são maiores, só interessa ganhar. Numa equipa que luta por títulos, como o Benfica, não existe margem de erro. Muito mais quando o clube está habituado a vencer e a estar na fase final das competições mais importantes. Jesus, nos últimos seis anos, elevou a fasquia e quem vem atrás não tem a vida facilitada. Cabe aqui à estrutura dar tempo ao treinador, principalmente se as coisas correrem menos bem. É importante que os adeptos percebam que, neste novo ciclo, o treinador não depende só dos resultados.

Este serão os grandes desafios de Rui Vitória no Benfica. Fazer esquecer Jorge Jesus impondo uma marca própria através de uma cultura ganhadora. Não é fácil, mas se alguém tem competência para isso, até porque conhece bem o clube e o futebol português, é Rui Vitória.

Este texto é resultado da colaboração semanal entre o Futebol 365 e o blogue marcasdofutebol.wordpress.com. Esta parceria procura analisar o desporto-rei a partir de um ângulo diferente: a comunicação.