Crónica: Distração de Vieirinha custa caro frente à Islândia

No Estádio Geoffroy Guichard, uma distração do lateral direito luso deixou Birkir Bjarnason completamente solto para marcar o primeiro de sempre da Islândia num Europeu, aos 50 minutos, anulando o remate certeiro de Nani, que tinha dado vantagem a Portugal, aos 31, e feito o golo 600 da história das fases finais desta prova.

O erro do jogador do Wolfsburgo acabou por marcar uma partida que a seleção nacional, mesmo sem ter feito uma grande exibição (ficou até algo longe disso), devia e podia ter ganho.

Este foi o primeiro jogo oficial sem vencer do selecionador Fernando Santos desde que chegou ao comando do Portugal, pondo fim a um série de sete triunfos seguidos.

Antes e depois de ter sofrido o empate, com mais ou menos esforço, Portugal criou oportunidades suficientes para iniciar o Euro2016 com um triunfo, mas esbarrou muitas vezes no guarda-redes Halldorsson e noutras mostrou falta de pontaria.

No ‘onze' de Fernando Santos, não foi incluído Ricardo Quaresma devido a problemas físicos, mas ficou a ideia que também outros jogadores estão longe da sua plenitude.

Cristiano Ronaldo passou praticamente ao lado do jogo, demonstrado sobretudo alguma ansiedade com a bola dos pés e dificuldades nos duelos individuais, e João Moutinho voltou a ser uma ‘sombra' do jogador que é, uma imagem que tinha já deixado durante os jogos de preparação.

O tão falado 4-4-2 de Fernando Santos precisa de ainda mais rotina, sobretudo a meio campo, com João Mário e André Gomes a andarem um pouco perdidos nas alas, embora o jogador do Valência tenha crescido com o decorrer do encontro.

Logo no arranque, Portugal apanhou um valente susto, quando Sigurdsson apareceu na cara de Rui Patrício, mas o guarda-redes luso impediu que a Islândia chegasse à vantagem, naquele que foi o único lance de perigo desta seleção na primeira parte.

Mesmo com um futebol algo confuso, a seleção nacional foi tomando conta da partida, mas o primeiro remate à baliza apenas apareceu aos 18 minutos, com Vieirinha a atirar para as mãos Halldorsson.

Seguiram-se boas oportunidades para Ronaldo e Nani e foi mesmo o extremo do Fenerbahçe a abrir o marcador, aos 31.

Vieirinha e André Gomes combinaram muito bem na direita, acabando o médio do Valência, já dentro a área, por cruzar para Nani encostar.

Portugal chegou ao intervalo justamente em vantagem, mas provou o ‘gelo’ islandês no arranque da segunda parte, com Birkir Bjarnason a entrar na história do futebol do seu país.

Com Vieirinha completamente distraído, o médio do Basileia apareceu solto na área e bateu Patrício com um belo remate de primeira, aos 50 minutos.

A partir daí, a Islândia construiu uma muralha no setor defensivo e aguentou todas as investidas de Portugal até final, chegando mesmo nos instantes finais a incomodar o guarda-redes da seleção portuguesa.

André Gomes, Raphael Guerreiro, Nani e Cristiano Ronaldo tiveram possibilidade de recolocar Portugal em vantagem, mas não foram capazes de o fazer.

No dia em que igualou os 127 jogos de Figo como o mais internacional ‘AA’ da seleção lusa, o ‘capitão’ teve mesmo tudo para fazer o golo aos 85 minutos, mas cabeceou fraco e à figura, quando estava completamente solto à entrada da pequena área, depois de um centro da direita de Nani.

Com a entrada de Renato Sanches para o lugar de Moutinho, aos 71 minutos, a seleção nacional ganhou outra vida e energia, enquanto Ricardo Quaresma (entrou aos 76) e Éder (84) adicionaram pouco à equipa.