O selecionador português olímpico de futebol considerou hoje "surreal" fazer uma convocatória com várias restrições impostas pelos clubes dos jogadores pré-convocados para o torneio masculino, que vai decorrer de 04 a 20 de agosto.
"É a lista possível. Quando escolhemos os 35 jogadores pré-convocados, escolhemos dentro daquilo que seria o ideal trazer. Atendendo às negas que levámos, por parte de alguns clubes, apenas conseguimos 11. Logo aí ficamos limitados. Fomos à procura de soluções. Escolhemos outros oito jogadores que foram negados. Não seria inteligente nem verdadeiro dizer que é a convocatória ideal", afirmou Rui Jorge em conferência de imprensa, após divulgar os convocados.
Dentro da lista não existe qualquer jogador do Benfica, enquanto o FC Porto é a formação que disponibiliza mais jogadores, quatro, e o Sporting dois.
Dentro das eventuais limitações dos clubes estão a Supertaça Cândido Oliveira e as duas primeiras jornadas da I liga, e no caso dos ‘dragões' a primeira mão do ‘play-off' da Liga dos Campeões.
"Tem sido surreal fazer esta convocatória. Extremamente difícil. Há uma série de fatores a ultrapassar. Há cerca de 40 minutos recebemos um telefonema que nos retirou um jogador que já estava confirmado. Não tivemos tempo para confirmar um próximo", sublinhou o selecionador.
Para Rui Jorge, a seleção que se concentra na segunda-feira e viaja para o Rio de Janeiro a 23 de agosto, tem de estar focada no que poderá fazer durante a prova.
"Quando não sabemos sequer quem vamos convocar, tudo isso cai por terra. Não sabemos como vão chegar os jogadores, vamos trabalhar esse aspeto e procurar a melhor preparação possível para dignificar a camisola. Nunca fui, nem gosto de falar em grandes objetivos. O importante é aquilo que fazemos para o conseguir. Vamos focar-nos nisso. Este é um grupo que todo ele já passou por nós, conhece-nos bem, sabe aquilo que esperamos deles. Mais do que pensar o que vamos conseguir, é pensar no que vamos fazer e como vamos fazer", vincou.
Apesar de todos os condicionalismos apresentados, Rui Jorge disse compreender os colegas e que eventualmente caso fosse treinador de um dos clubes visados faria o mesmo.
"Percebo perfeitamente a posição dos treinadores. As justificações são variadas. Com umas posso concordar, com outras não, mas percebo a posição deles. Nada a dizer em relação a isso. Eles tomam a decisão da melhor forma para as suas equipas. Devemos respeitá-las, sabendo que, quando está do nosso lado, também podemos mostrar intransigência. O Benfica entendeu que não devia participar, e eu entendo. Têm a Supertaça, o plantel não está fechado. Eu, eventualmente, faria a mesma coisa", sublinhou.
Apesar das dificuldades, o selecionador luso afirmou que quer "defender o legado olímpico".
"Senti, pela conversa, que seria também um orgulho para os jogadores que foram à procura de viver esse momento. Esforçaram-se por isso e tiveram qualidade. O meu grande desejo é que estes sintam esse orgulho também. Vamos defender esse legado olímpico com muito prazer e com dignidade, tenho a certeza", reiterou.
Portugal integra o Grupo D do torneio de futebol, defrontando a Argentina na jornada inaugural, a 04 de agosto, medindo forças com as Honduras, a 07, e fecha a fase de grupos frente à Argélia, no dia 10.