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Bento: Futebol português órfão de um dos mais ilustres

Bento, guarda-redes do Benfica e da selecção portuguesa nas décadas de 70 e 80, morreu hoje, no Barreiro, aos 58 anos, deixando o futebol ''luso'' órfão de uma das suas figuras mais emblemáticas.

Bento: Futebol português órfão de um dos mais ilustres

A morte de Manuel Galrinho Bento terá sido causada por paragem cardio-respiratória, eventualmente originada por enfarte de miocárdio, segundo o director das urgências do hospital do Barreiro, onde deu entrada pelas 14:10, já cadáver.

O corpo vai estar em câmara ardente a partir das 11:00 de sexta-feira na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e será cremado sábado às 19:00, no cemitério dos Olivais.

O desaparecimento de Bento deixou consternado o mundo do futebol português, especialmente os que com ele conviveram nos anos de jogador do Benfica, entre 1973 e 1990.

Antes, começou nos infantis do Riachense, passando depois pelo clube da sua terra, o Goleganense, e pelo Barreirense, não tendo representado como jogador mais nenhum clube até à despedida, em Maio de 1990.

Como treinador, orientou por três anos os guarda-redes ''encarnados'' e depois foi técnico principal do Leça, da União de Coimbra e do Amora, antes de regressar ao quadro técnico do Benfica, para orientar a equipa ''B'', passando depois a ficar ligado à formação.

Na selecção portuguesa esteve nos momentos mais marcantes da ''equipa das quinas'' nos anos 80, especialmente na campanha para o terceiro lugar no Europeu França84, e no Mundial México86, o do ''caso Saltillo''.

A Direcção do Benfica já reagiu à morte do mais emblemático dos seus guarda-redes, ''que tinha dimensão mundial'', manifestando ''consternação'' pela perda de ''um grande homem''.

''Bento jamais será esquecido'', refere o Benfica, lembrando a sua contribuição, como jogador, para 22 títulos de futebol.

Mais tarde, Luís Filipe Vieira, presidente do clube, disse que o clube ''ficou muito mais pobre'', tal como o desporto português, mostrando-se emocionado: ''Todos pensávamos que ele respirava saúde''.

Ainda quarta-feira à noite Bento esteve na Gala dos 103 anos do Benfica, onde encontrou vários dos seus antigos colegas de clube e de selecção e dirigentes.

Entre os responsáveis federativos estava Amândio de Carvalho, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que esteve com Bento nos Europeus de França e no Mundial do México, quando o guardião capitaneava a selecção.

''É uma notícia inacreditável, ainda ontem estivemos na galhofa'', disse Amândio de Carvalho, que recordou com especial intensidade a exibição em Estugarda, na vitória sobre a Alemanha por 1- 0, com golo de Carlos Manuel, que qualificou a selecção para o Mundial86.

Gilberto Madaíl, presidente da FPF, que decretou um minuto de silêncio - tal como a Liga - para os jogos do fim-de-semana, assume que ''a selecção portuguesa deve-lhe muito'' e que esta morte representa ''a perda de uma referência na área dos guarda-redes portugueses''.

Ao todo, Bento vestiu a camisola das ''quinas'' em 63 jogos, 25 das quais como capitão.

Seu contemporâneo na equipa das ''quinas'' e no Benfica foi Shéu Han, actualmente secretário-técnico do clube, que fala da perda de ''um colega, um irmão, um familiar'', com o qual partilhou ''muitos bons momentos e outros menos bons''.

Carlos Manuel, outro dos que partilharam parte do percurso na selecção e no clube, lembra ''um homem excepcional, que dedicou toda a sua vida a trabalhar'' e frisa que ''muito trabalho foi sempre a sua grande arma''.

Toni, que já integrava a equipa técnica da selecção e do Benfica nos momentos de glória de Bento, classificou a notícia da morte do amigo como ''um murro no estômago'' e recorda uma das últimas expressões do antigo guarda-redes, quarta-feira no Estoril: ''Disse-me que o que tínhamos a fazer era aproveitar e desfrutar a vida''.

Para Humberto Coelho, durante anos um dos centrais que alinhava à frente de Bento, desaparece ''um grande amigo e um companheiro'', além de um ''extraordinário guarda-redes, que marcará para sempre a história do Benfica e da selecção''.

Diamantino, outro dos benfiquistas que habitualmente vestiam a camisola da selecção nos anos 80, fala do ''melhor guarda-redes de sempre'', que ''só com um braço valia mais que todos juntos''.

Silvino, o seu sucessor na baliza do Benfica, evoca também ''o grande profissional'' e guarda-redes ''fantástico'', mesmo sendo ''relativamente baixo de estatura'', mas também ''o exemplo em termos de trabalho e de motivação''.

Mário Wilson, antigo treinador do Benfica, que o orientou por várias ocasiões, lembra a ''figura impar e indomável'' e considera que a apetência atacante do Benfica dos anos 80 começava nele, porque ''ocupava um espaço muito grande lá atrás'' e assim dava confiança à equipa.

Em mensagem enviada ao Benfica ''de luto e pesar para o desporto'', o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, considerou Bento ''um exemplo de carácter e personalidade que contribuiu para o prestígio do futebol e do desporto''.

LUSA

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