Quatro derrotas em 54 jogos revelam bem a excelência e pragmatismo de Luís Aragonés, o decano dos treinadores espanhóis, que hoje devolveu o título europeu de futebol a “La Roja”, 44 anos depois do último e até agora único sucesso.
Com 69 anos e de saída da selecção espanhola, provavelmente rumo aos turcos do Fenerbahce, depois de quatro anos como seleccionador, Aragonés é a imagem da serenidade, embora tenha feito “sangue” em Espanha, aquando das escolhas para o Europeu.
Deixar de fora o “merengue” Raul, nome sagrado no futebol espanhol, deixou os adeptos em pânico e a maioria dos comentadores com sobrolho encrespado, mas Aragonés mostrou-se irredutível e teve em David Villa - hoje ausente por lesão - o seu “matador” eficaz.
Apreciador do futebol de ataque, que privilegia a técnica, a velocidade e a estética, o “sábio de Hortaleza” é um dos mais categorizados técnicos espanhóis e, embora nunca tenha passado pelo “colosso” Real Madrid, conquistou já um título de campeão, em 1976/77, pelo rival Atlético, seu clube de sempre.
Além disso, Aragonés conquistou quatro Taças do Rei (1976, 1985, 1988 e 1992) e uma Taça Intercontinental, em 74.
Com o resultado hoje alcançado, consegue também a proeza de estar há quase dois anos sem perder à frente da selecção: desde 2006, (0-1, frente à Roménia), que Espanha não perde um jogo. Hoje, somou o 22º e mais importante da série.
Duas vezes treinador do FC Barcelona (1987/1988 e 1990/1991), o sucessor do alemão Otto Renhagel como campeão europeu, fez a sua carreira de futebolista sempre em Espanha e alcançou três campeonatos e ainda duas Taça de Espanha.
Ao serviço do Atlético de Madrid, clube que representou durante 10 temporadas, Luís Aragonés sagrou-se ainda melhor marcador do campeonato espanhol em 1968/69.
Luís Aragonés, na senda de Luis Felipe Scolari (pelo Brasil, em 2002), Aimé Jacquet (França, 1998) ou Marcelo Lippi (Itália, 2006), abandona a selecção pela porta maior, oferecendo aos espanhóis o segundo título europeu.