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João Loureiro lançou candidatura em fase «psicologicamente importante»

A candidatura do Boavista ao título de campeão da I Liga de futebol, conquistado pela única vez há 20 anos, surgiu num “momento psicologicamente importante”, rememorou à agência Lusa o então presidente ‘axadrezado’ João Loureiro.

João Loureiro lançou candidatura em fase «psicologicamente importante»

“Empatámos no estádio do Marítimo [1-1, à 26.ª jornada] e, quando cheguei ao balneário, senti a equipa um bocadinho abatida, porque falhámos várias oportunidades e não conseguimos vencer. Joguei esse trunfo naquele momento e fui à sala de imprensa assumir que queríamos e íamos lutar para ser campeões”, contou o ex-líder da SAD.

Em 18 de maio de 2001, os ‘axadrezados’ venceram o já despromovido Desportivo das Aves (3-0) e confirmaram o título a uma jornada do final, imitando o feito do Belenenses, que, 55 anos antes, se tinha intrometido na hegemonia de Benfica, FC Porto e Sporting.

“Quando disse isso aos jogadores no balneário, eles entraram numa pequena euforia e esqueceram-se do momento negativo que tinha sido aquele empate. Foi um momento importante e pensado, porque vínhamos de um percurso fantástico, com várias vitórias, e todos estavam à espera que o Boavista acabasse por tropeçar”, vincou João Loureiro.

Depois de cinco Taças de Portugal e três Supertaças, o Boavista lograva erguer o maior troféu do futebol nacional em 117 anos de história, ao contrariar todas as previsões com 23 vitórias, oito empates e três derrotas, num total de 63 golos marcados e 22 sofridos.

“Muito embora desejasse no meu íntimo ser campeão, sempre resisti em assumi-lo publicamente e achei que devia guardá-lo para um momento em que pudesse ser psicologicamente importante. Houve jogos fundamentais contra FC Porto [1-0, à 17.ª ronda] e Sporting [1-0, à 29.ª], no qual senti que íamos mesmo ser campeões”, elencou.

João Loureiro havia substituído quatro anos antes o seu pai, Valentim, na presidência e levou os ‘axadrezados’ à vice-liderança da I Liga em 1998/99, oito pontos abaixo dos ‘dragões’, intercalada com um sexto lugar, em 1997/98, e um quarto, em 1999/00.

“Houve um conjunto de épocas em que nos intrometemos claramente na luta pelo título. Ou seja, este título não foi uma coisa que caiu do céu, mas resultou do trabalho de muita gente, que eu liderei com grande orgulho. Infelizmente, esse fantástico resultado nunca mais se repetiu com qualquer outro clube que não seja um dos três ‘grandes’, analisou.

Nesse trilho sobressaíram José Maria Pedroto, que orientou as ‘panteras’ em 1974/75 e 1975/76, obtendo um quarto e um segundo lugares no campeonato e conquistando duas Taças de Portugal, além de Valentim Loureiro, líder máximo do clube de 1978 a 1997.

“A partir daí, o Boavista começou ciclicamente a ganhar títulos e a classificar-se várias vezes logo a seguir aos ‘grandes’. Tudo isso criou uma mentalidade vencedora e uma série de alicerces que, mais tarde, potenciei. Naturalmente, o meu pai foi uma pessoa fundamental para que houvesse condições em sonharmos um dia ser campeões”, frisou.

Em dezembro de 1997, João Loureiro prescindiu de Mário Reis para apostar em Jaime Pacheco, com quem se identificou muito, pois ambos gostam “muito de ganhar e de ultrapassar limites”, e cultivou com ele uma “relação fantástica” em prol de um “espírito especial”.

“Valíamos como uma equipa e isso levou-nos a ser campeões. Quem jogou menos foi importante. Quando esses atletas foram chamados, fizeram aquilo que tinham de fazer. Quando não o foram, contribuíram para esse espírito de grupo que se criou. Se tiver de eleger um protagonista, é a equipa como um todo e, em particular, o Jaime (Pacheco)”, sugeriu.

Puxando pela fé cristã devota, o ex-presidente considera “não ser uma coincidência” ter ouvido o nome do Boavista a “ser benzido em português” pelo então Papa João Paulo II, numa missa celebrada em plena Praça de São Pedro, em 08 de novembro de 2000.

“Estava presente uma delegação do clube e fomos colocados numa bancada próxima do Papa. Eu levava uma camisola e uma pantera para oferecer e ele surpreendentemente abençoou o Boavista e teve palavras muito amáveis, que eu não esperava. Entreguei-lhe as lembranças e estive muito pouco tempo com ele, uns 15 ou 20 segundos”, partilhou.

Os ‘axadrezados’ seriam afastados no dia seguinte pelos italianos da Roma da segunda eliminatória da Taça UEFA (1-1), após uma derrota no Bessa (1-0), quando seguiam na quinta posição da I Liga, com 15 pontos em oito rondas, a seis do líder isolado FC Porto.

“Daí para a frente, o Boavista começou a vencer. A dada altura, derrotou o FC Porto, passou para primeiro, nunca mais deixou o topo e sagrou-se campeão. No fim da época, regressei a Roma. O Papa estava na sua residência de férias em Castel Gandolfo e fui agradecer-lhe. Foi outro momento curto, mas de grande significado para mim”, agregou.

João Loureiro celebrou a conquista da I Liga com apenas 37 anos e diz ter começado por reagir de “forma muito pouco eufórica”, preferindo “alguma reflexão” sobre uma “família única”, da direção aos atletas e equipa técnica, atravessando funcionários e adeptos.

“A grande festa que houve na cidade foi bastante comovente. Como sou um bocadinho supersticioso, não queria de forma alguma que se fizesse nada antes do momento. Por isso, proibi qualquer tipo de preparação de celebrações e tudo acabou por ser muito espontâneo. Muitos que não eram boavisteiros saudaram-nos nessa noite”, finalizou.

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