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I Liga (balanço): Tulipa divide créditos no êxito dos miúdos portistas

A preponderância da geração vencedora da UEFA Youth League em 2018/19 na conquista da I Liga pelo FC Porto teve mérito conjunto, nota o ex-futebolista e treinador Manuel Tulipa, que trabalhou recentemente na formação do clube.

I Liga (balanço): Tulipa divide créditos no êxito dos miúdos portistas

“Este êxito tem a ver com a capacidade e evolução dos jogadores, tal como a liderança e ideia do treinador. Embora muitas vezes não seja campeão em alguns escalões, o FC Porto forma com qualidade. O Sérgio Conceição geriu muito bem toda essa envolvência individual e fez crescer notavelmente os atletas”, elogiou à agência Lusa o técnico, que comandou os iniciados (2017/18), juvenis (2018/19) e juniores (2019/20) dos ‘dragões’.

Esteios num inédito título das camadas jovens do FC Porto, o guarda-redes Diogo Costa, o defesa direito João Mário e os médios Vítor Ferreira e Fábio Vieira contribuíram esta época para o 30.º campeonato dos nortenhos, repetindo a senda iniciada já em 2019/20.

“Na minha opinião, determinante é a passagem da equipa B para a A. O jogo muda muito e tudo se processa mais rapidamente. O Sérgio Conceição é muito exigente no trabalho diário e todos crescem, sem perderem as qualidades individuais. É muito importante que os atletas se imponham nas ideias dos treinadores, mas representam algo seu”, vincou.

Manuel Tulipa, de 49 anos, reconhece existir nos ‘azuis e brancos’ uma “preocupação de quem gere o clube” para incluir “pessoas que conhecem bem o clube e tiveram ali uma dimensão importante enquanto jogadores” no ‘staff’ técnico das diversas equipas jovens.

“Depois, há que perceber a exigência de um clube grande, que, cada vez que compete, é para ganhar e ser melhor. Há uma exigência muito grande a nível competitivo no treino, que faz com que os jogadores se preparem para serem melhores. Normalmente, quando somos melhores, fazemos um jogo apelativo e somos mais eficazes que os adversários nos nossos duelos e competências, estamos muito mais perto de ganhar”, estabeleceu.

A esse “contexto técnico e tático”, Sérgio Conceição, que também lançou nos seniores o filho Francisco Conceição, com formação iniciada no Sporting, agrega “uma envolvência física no seu jogar de grande dimensão, que poucas equipas europeias conseguem ter”.

“Acho que o grande êxito da formação é essencialmente descobrir o perfil do jogador que queremos e, exaustivamente, dar tempo para ele crescer. Quando os jogadores não têm um suporte por parte de quem os treina para crescer, nem uma ideia que esteja também alavancada naquilo que é a equipa principal, demoram mais tempo a chegar”, advertiu.

Diogo Costa, João Mário e Fábio Vieira, no ‘onze’ inicial, e Vítor Ferreira, como suplente utilizado, ajudaram o FC Porto a vencer os ingleses do Chelsea (3-1) na final da UEFA Youth League, em abril de 2019, numa ficha técnica que, sob orientação de Mário Silva, tinha mais seis atletas atualmente vinculados ao clube e oito já fixados fora do Dragão.

“Ganhar é sempre relevante, quer seja a nível nacional ou internacional. Dá uma grande dimensão ao clube e também projeção individual. Agora, há que entender que, no meio desse ‘onze’ quase assíduo, existem atletas que têm competência e, numa perspetiva de oportunidade, podem superar outros. É uma questão de trabalho e oportunidade”, notou.

Manuel Tulipa, que acabou a formação nos ‘dragões’ e fez carreira como médio, assume que a “lei da vida” faz com que “muitos jogadores sejam e venham a ser importantes no futuro no clube”, ao invés de outros, que “até poderão vir a ter uma dimensão de I Liga”.

“Passa por percebermos que, muitas vezes, a oportunidade vai existir em função daquilo que acontece na equipa A. Se esta andar bem e com resultados, essa oportunidade vai escassear, mas, se os resultados não estiverem a ser tão apelativos, há margem para os mais jovens poderem jogar. Acho que o Sérgio Conceição geriu muito bem isso”, referiu.

Antes de serem veículos da mística portista entre os seniores, Diogo Costa, João Mário e Vítor Ferreira, todos com 22 anos, e Fábio Vieira, quase a lá a chegar, foram campeões nacionais de juniores, recuperando agora uma linhagem subestimada há duas décadas.

Desde 2002/03, na primeira temporada com José Mourinho, que o FC Porto não vencia o campeonato com quatro habituais titulares oriundos da formação, casos do guarda-redes Vítor Baía, dos defesas Jorge Costa e Ricardo Carvalho e do avançado Hélder Postiga.

“O Benfica foi o clube que mais ganhou nos últimos anos [nas camadas jovens], mas não tirou proveito disso. Ou seja, os jogadores não tiveram um impacto tão grande na equipa principal como no FC Porto. Temos de aguardar o melhor tempo para os lançar, mas não ter receio, porque existe muita competência na formação e há clubes que investem em bons técnicos e ‘staffs’”, concluiu Tulipa, que comanda a equipa de sub-23 do Marítimo.

Quando Diogo Costa, João Mário e Vítor Ferreira e Fábio Vieira se iniciaram, o FC Porto já tinha em marcha desde 2006 um projeto a cinco anos denominado ‘Visão 611’, criado pelo então diretor-geral Antero Henrique, que incidia na reestruturação dos métodos de trabalho para potenciar e recrutar talentos emergentes capazes de integrar o plantel A.

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