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Mundial-2022: Irão-Estados Unidos é apenas um jogo de futebol

O jogo entre o Irão e os Estados Unidos é apenas um jogo do Mundial do Qatar e não mais do que isso, apesar do histórico conflito entre os dois países, que foi agravado nos últimos tempos.

Mundial-2022: Irão-Estados Unidos é apenas um jogo de futebol

Nas imediações do Estádio Al Thumama, em Doha, o coro iraniano era intenso entre a romaria que seguia em direção ao recinto que recebe o primeiro encontro de futebol entre as duas seleções desde 2000, depois de ambas também se terem defrontado dois anos antes, precisamente num Campeonato do Mundo, em França.

Em contraste com os governos dos dois países, que não mantêm relações diplomáticas há três décadas, adeptos iranianos e norte-americanos deslocaram-se lado a lado, partilharam fotografias cada qual com a sua bandeira. Um sinal de paz, pelo menos numa modalidade que tem como uma das suas principais missões unir povos.

“É apenas um jogo de futebol, não mais do que isso. Trabalhei com iranianos nos últimos 10 anos, são pessoas maravilhosas. O Irão é um país lindo”, começou por dizer à agência Lusa um dos muitos norte-americanos que estão no Al Thumama.

Ainda assim, Andrew, natural do Michigan, admitiu que “a situação política” entre as duas nações “torna tudo mais complicado”, deixando o desejo de que “no futuro se consiga ultrapassar as diferenças existentes” para que todos possam “desfrutar da companhia uns dos outros”.

Integrado num grupo de quatro amigos que se deslocaram a Doha, James confessou que “ninguém fica indiferente” à situação entre EUA e Irão, mas reforçou aquilo que era bem visível no exterior do estádio.

“O ambiente é de festa, com os adeptos misturados, a tirar fotografias e a conviver. Deve ser um dos melhores ambientes do Mundial. Hoje, não vamos pensar nessas questões. Só queremos que os Estados Unidos vençam", disse o residente em Chicago.

Nos últimos dias, os dois países intensificaram as críticas mútuas, com o regime iraniano a acusar os Estados Unidos de hipocrisia quanto ao pacto nuclear, e o governo norte-americano a salientar a importância de se identificar os responsáveis pela repressão no Irão.

Pelo meio, o Irão fez uma queixa na FIFA contra a federação de futebol dos Estados Unidos, acusando-a de suprimir o símbolo de Alá da bandeira iraniana numa publicação na rede social Instagram.

Atualmente, o Irão é palco de um amplo movimento de protesto desencadeado em 16 de setembro pela morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, que morreu depois de ter sido detida pela Polícia da Moralidade, por, supostamente, quebrar o código de vestimenta estrito do país ao usar incorretamente o ‘hijab’, ou véu islâmico.

Desde o início dos protestos, pelo menos 426 pessoas foram mortas e mais de 17.400 foram detidas, de acordo com os Human Rights Activists in Iran (Ativistas dos Direitos Humanos no Irão), grupo que monitoriza o movimento de contestação em curso, segundo o qual pelo menos 56 membros das forças de segurança iranianas foram também mortos.

Perante isto, alguns cidadãos iranianos são comedidos nas declarações que prestam a estrangeiros e isso mesmo se verificou antes do jogo em Doha.

Arshad, natural de Teerão, fez-se acompanhar pela mulher Aida, mas preferiu ser ele a tomar a palavra quando questionado sobre o conflito entre os dois países.

"Não queria muito falar sobre isso. Isto é apenas um jogo de futebol e temos que deixar essas questões de parte. Não influencia em nada, espero que o Irão possa ser feliz no final e passe aos oitavos de final. É o nosso desejo", referiu à Lusa.

Contudo, Arshad acabaria por abrir uma exceção para deixar Aida falar sobre o selecionador do Irão, o português Carlos Queiroz: “É um de nós. Só podemos estar agradecidos, por tudo o que ele fez por nós. É um grande homem”.

Dentro do estádio, os jogadores das duas formações não chegaram a trocar flores nem confraternizaram, como sucedeu no jogo de 1998, em Lyon, mas os atletas iranianos cantaram novamente o hino, depois de no primeiro jogo se terem recusado a fazê-lo, como forma de apoio às vítimas das manifestações contra o regime do Irão.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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