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Mundial-2022: Hassan Nader vê valor em Marrocos para inverter história

Os países africanos ou árabes, tais como Marrocos, que vai defrontar Portugal nos quartos de final do Mundial no Qatar, no sábado, podem quebrar o domínio europeu e sul-americano, frisa o ex-futebolista luso-magrebino Hassan Nader.

Mundial-2022: Hassan Nader vê valor em Marrocos para inverter história

“Antes de começar o Mundial, já tinha dito à imprensa que chegou a altura de as equipas árabes ou africanas começarem a pensar em evoluir até à final. Há que ter pensamento positivo, sabendo que também temos jogadores de grande nível a atuarem nos grandes clubes e seleções bastante fortes. Já chega de dizer que está tudo bem quando fazemos um grande jogo e ganhamos, mas depois perdemos e voltamos para casa”, partilhou à agência Lusa o melhor marcador africano de sempre da I Liga portuguesa, com 94 golos em 219 jogos repartidos entre Farense (1992-1995 e 1997-2004) e Benfica (1995-1997).

Portugal defronta Marrocos no sábado, às 18:00 locais (15:00 em Lisboa), no Estádio Al Thumama, em Doha, no Qatar, no terceiro confronto dos quartos de final da edição de 2022 do principal torneio de seleções, que será arbitrado pelo argentino Facundo Tello.

Se os lusos golearam a Suíça (6-1) nos ‘oitavos’, garantindo, pelo menos, o seu terceiro melhor desempenho em oito participações, os africanos afastaram a Espanha (3-0 nos penáltis, após 0-0 no prolongamento) e foram o primeiro país árabe de sempre a aceder ao lote dos oito finalistas, justamente numa inédita edição organizada no Médio Oriente.

“Vimos como a Arábia Saudita ganhou à Argentina ou a Tunísia derrotou a França. As seleções africanas fizeram grandes jogos, mas faltou um pouco de maior concentração e organização e não serem cometidos erros infantis. Quando falamos sobre Mundiais, os favoritos são sempre os mesmos, como Argentina, Brasil, França, Portugal, Espanha ou Alemanha, mas algumas equipas [menos fortes] complicaram a vida deles. É a hora de árabes e africanos pensarem em ganhar o Mundial, algo que pode acontecer já”, atirou.

Marrocos só tinha superado a primeira fase por uma vez nas cinco presenças anteriores, ao perder nos ‘oitavos’ de 1986 frente à então designada Alemanha Ocidental (0-1), que seria batida na final pela Argentina, de Diego Maradona, para escrever história em 2022.

Vencedora do Grupo F, com sete pontos, a formação de Walid Regragui suplantou a vice-campeã em título Croácia, também apurada para a fase seguinte, deixando pelo caminho Bélgica, terceira em 2018, e Canadá, antes de voltar a inverter a lógica ante a Espanha.

“Estar nos oito melhores do mundo significou uma grande alegria. Temos futebolistas de grande nível, que estão nos melhores clubes, como Paris-Saint Germain [Achraf Hakimi], Chelsea [Hakim Ziyech] e Bayern Munique [Noussair Mazraoui]. Temos visto uma equipa compacta e sólida, sobretudo defensivamente. Marrocos sofre poucos golos, porque tem um bloco muito forte. Está nos ‘quartos’ com grande mérito”, estabeleceu Hassan Nader.

Marrocos assegurou, desde já, a sua melhor prestação no principal torneio de seleções e tornou-se o quarto país africano a entrar no lote dos oito finalistas de uma edição, sendo que Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010) nunca alcançaram as meias-finais.

“Quem manda são os resultados. Claro que, como entrámos agora no top-8 mundial, a gente vai dizer que é esta [a melhor versão marroquina de sempre], mas, para mim, cada uma fica no seu próprio tempo. Esta geração pode ir mais longe e tem uma boa seleção”, disse o ‘artilheiro’ da então designada I Divisão em 1994/95, com 21 golos pelo Farense.

Os magrebinos impediram mesmo o ‘pleno’ da Europa (Portugal, Croácia, Países Baixos, Inglaterra e a atual campeã França) e da América do Sul (Argentina e Brasil) nos quartos de final e continuam invictos no Mundial2022, tal como croatas, neerlandeses e ingleses.

Essa façanha sobe de dimensão por ter acontecido pouco mais de três meses depois da nomeação do selecionador Walid Regragui, sucessor do bósnio Vahid Halilhodzić, que guiou Marrocos durante toda a fase de qualificação africana, culminada no decisivo play-off diante da República Democrática do Congo (1-1 em Kinshasa e 4-1 em Casablanca).

“O novo técnico jogou comigo na seleção, é muito aberto e sabe como trabalhar o grupo. Não é fácil pegar numa seleção a dois meses do Mundial e chegar aos quartos de final, mas acho que trabalhou duas coisas: o lado mental e a parte tática, porque os jogadores já têm o resto. Sendo bons técnica e fisicamente, podem dar tudo quando estão bem da cabeça. Esse ponto é o mais importante. É o caso do Hakim Ziyech, que teve problemas com o antigo selecionador, mas vai sendo agora um dos melhores do torneio”, recordou.

20 dos 26 convocados competem na Europa, apesar do domínio do Wydad Casablanca, que cedeu três atletas bem conhecidos de Walid Regragui, cuja carreira de treinador foi abrilhantada na passagem pelo bicampeão nacional e clube marroquino mais titulado, ao vencer as edições 2021/22 do campeonato doméstico e da Liga dos Campeões africana.

Já Hassan Nader, de 57 anos, ganhou uma Taça de Portugal pelo Benfica (1995/96) e marcou um golo na derrota frente aos Países Baixos (1-2), o seu único jogo realizado no Mundial1994 por Marrocos, que ficou no quarto e último lugar do Grupo F, sem pontos.

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