Crónica: Itália diferente frustra esperanças de Portugal desinspirado

Raramente incapaz de sair para o ataque nos primeiros 45 minutos, a seleção lusa concedeu ainda vários espaços para a manobra ofensiva da seleção transalpina, que aproveitou a supremacia para marcar o golo decisivo aos 19 minutos, por Michael Kayode, na final decorrida no Estádio Nacional Ta’Qali, em Malta, país anfitrião da prova.

A seleção às ordens de Joaquim Milheiro cresceu na segunda parte, mas só criou duas ocasiões para marcar por Martim Fernandes e por Herculano Nabian, no último lance do desafio, e falhou a conquista de um Europeu em que vencera os quatro encontros anteriores, um deles à Itália (5-1), com um registo de 14 golos marcados e dois sofridos.

Os transalpinos desempataram ainda a seu favor o registo de finais entre as duas seleções no escalão sub-19, após terem derrotado Portugal na final de 2003, no Lietchtenstein (2-0), e a equipa das ‘quinas’ ter levado a melhor em 2018, na Finlândia (4-3 após prolongamento), no único Europeu que venceu até à data.

Com o mesmo ‘onze’ das goleadas sobre a Itália (5-1), no Grupo A, e a Noruega (5-0), na meia-final, a seleção das ‘quinas’ encontrou uma seleção transalpina diferente daquela que derrotou na fase de grupos, vendo-se ‘aprisionada’ no seu meio-campo durante os primeiros 20 minutos.

A seleção às ordens de Alberto Bollini mostrou-se mais confortável desde o apito inicial, com os médios Luis Hasa e Cher Ndour a conduzirem a bola para o ataque, os extremos Samuele Vignato e Michael Kayode a aproveitarem os espaços nas alas e o avançado Francesco Esposito a segurar a bola e a ganhar duelos no jogo aéreo.

Incapaz de servir Hugo Félix, Carlos Borges ou Rodrigo Ribeiro na frente, já que perdia a bola assim que a recuperava, Portugal viu os italianos criarem o primeiro lance de perigo aos nove minutos, num desvio ao lado de Francesco Esposito, jogador que voltou a tentar o golo aos 15, num cabeceamento por cima.

O ascendente italiano traduziu-se no golo inaugural quatro minutos depois, quando Michael Kayode saltou mais alto do que Martim Marques em resposta a cruzamento de Luis Hasa e cabeceou de cima para baixo, com a bola a entrar após Gonçalo Ribeiro a defender contra o poste esquerdo.

Em desvantagem, o conjunto luso assumiu a iniciativa atacante, mas sem velocidade, nem inspiração para desequilibrar a seleção adversária, sempre mais perigosa até ao intervalo, em dois remates de Luis Hasa, um para defesa do guardião luso, aos 37 minutos, e outro por cima, aos 42.

O selecionador Joaquim Milheiro, trocou Martim Marques e Samuel Justo por Martim Fernandes e Diogo Prioste após o intervalo, e Portugal cresceu na segunda metade, passando a fechar melhor os espaços aos alas italianos, a ganhar mais duelos e a circular a bola por mais tempo.

Um dos médios lusos, Gustavo Sá, assumiu protagonismo a distribuir a bola, ‘ensaiou’ o remate de fora da área aos 58 minutos e cruzou para o cabeceamento de Martim Fernandes travado por Davide Mastrantonio, na ocasião mais flagrante da seleção das ‘quinas’, aos 61 minutos.

O conjunto português perdeu discernimento na última meia hora, sentindo progressivas dificuldades para quebrar a resistência defensiva de uma Itália que recuou com praticamente todos os elementos na hora de defender, mas sem deixar de ser perigosa, num remate de Samuele Vignato travado por Gonçalo Ribeiro, aos 79 minutos.