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FC Porto: Uma foto vale mais que mil palavras

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: Uma foto vale mais que mil palavras
Divulgação

Quando Sérgio Conceição enfatiza, vezes sem conta, a tónica da juventude como elemento caracterizador da equipa na presente temporada, fá-lo numa dupla perspetiva: de efetivo reconhecimento do potencial bruto dos quadros do FC Porto; e também de um ponto de vista pedagógico, pois há fatores e atitudes que não se conseguem censurar nem controlar. Fazem parte da idade e do próprio processo de desenvolvimento de cada um. E jovens são sempre jovens.

É evidente que não é todos os dias que se bate o rival Benfica por cinco a zero. Fica na história. E, por todas as compreensíveis razões, é sempre melhor bater o Benfica do que bater outro adversário. Depois, há a gestão emocional da situação: equipa plenamente maturada não comete o deslize de publicar uma fotografia com jogadores com os cinco dedos erguidos. Porquê? Porque se transmite a ideia, até falaciosa, de que uma temporada se resume ou limpa após uma vitória diante do Benfica, sendo que tudo o resto passa a ser supérfluo. Algo que nem os próprios jogadores em questão pretenderam transmitir. Mas transmitiram.

Foi a pior fotografia possível ou, por outras palavras, o deslize que tudo explica em relação a uma ventania permanente em torno de uma equipa que, se mantiver e retocar os seus pilares e onze-base, bem que se pode transformar numa das melhores da Europa num curto espaço de tempo. E, se os deslizes podem ser mediatizados, também podem ter consequências pois o mundo do dragão não vive só de fotos. Seja no empate diante do Gil Vicente já na reta final, ou seja numa falta de serenidade para facilmente desembrulhar o Estoril, o principal desafio com o que FC Porto se depara é da manutenção da tranquilidade dentro do espectro possível e presente. Praia e tempestade, tempestade e praia. Dar tempo ao tempo. Encarar as derrotas como pontos episódicos dentro de um roteiro de vitórias que, não sendo a 100%, pelo menos será sempre muito habitual.

Por isso, o jogo diante do Casa Pia teve também um duplo revestimento: conquista dos três pontos para manutenção de um terceiro lugar que, não sendo o cenário individual, é o tal possível; e restabelecimento de uma sempre necessária tranquilidade, ainda mais importante quando o público é maioritariamente jovem e os níveis de confiança podem estar mais instáveis.

Voltando a Sérgio Conceição, também toda a razão quando refere que a presente temporada fica marcada por uma equipa sólida em termos de ações de penetração no último terço contrário, mas sem a definição necessária para fazer a diferença. Aquela necessidade de se jogar mais feio dentro de um “joga bonito” que, por vezes, deturpa a eficácia que se pretende. Ou, pegando novamente no jogo diante do Gil Vicente e no seu paralelo com o que aconteceu frente ao Casa Pia, em ambas as partidas o FC Porto teve mais do que oportunidades para sentenciar a partida e escapar a uma pressão final que, embora controlada, podia ter dado para o torto do empate. O que não aconteceria, ou aconteceria menos vezes, se a equipa tivesse um nível de maturidade superior.

Se os objetivos passaram por bloquear o jogo interior do Casa Pia (ligação com alas perigosos) e, tal como se referiu, atrair para explorar o espaço concedido nas costas, o FC Porto voltou a mostrar atributos em termos de dinâmicas coletivas, e um miolo altamente capaz de municiar a linha ofensiva de uma forma versátil – sobretudo exploração dos corredores e derivação dos alas mais para dentro – Francisco Conceição á cabeça mais os seus perigosos movimentos em diagonal.

Na segunda parte, a saída de João Mário obrigou à deslocalização de Pepê para o lado direito e, mais importante, a mais uma etapa no processo de desenvolvimento sustentável de Romário Baró. Recorde-se que o médio foi um dos melhores do início da temporada, com exibições de arromba que prometiam um cenário em crescendo. Um erro diante do Barcelona representou um tubo de escape solto na estrada e a necessidade de se colocar um travão no veículo em andamento. De o recolocar na oficina. Afinação. Um passo atrás para depois se darem dois em frente. E, na semana passada, deu-se a demonstração dos nove: roubo de bola em zona alta, que originou passe nas costas e terceiro golo do FC Porto diante do Vitória de Guimarães. Apontado por Pepê, o tal que também na sua primeira temporada passou muito tempo em laboratório para aprimorar todas as suas qualidades.

Segue-se o Sporting e a constatação de que não se jogará apenas pelo prestígio. Nem pela honra. Para os lados do dragão, jogar-se-á a prioridade de manutenção de um lugar no pódio e de aquilo que o mesmo pode representar em termos de redefinição de objetivos. Mas qual a principal dificuldade? Na realidade, o Sporting foi a equipa que assumiu um maior cenário de superioridade em relação aos dragões, expresso num jogo em Alvalade que, inclusive, podia até ter tido um resultado mais dilatado. Porque, no fundo, é o tal problema do Sporting: toda a gente sabe que os leões são temíveis na exploração da profundidade. Travá-los é outra coisa. Toda a gente também sabe que os centrais do Sporting desempenham papel preponderante no processo de construção. O problema é tornar a sala de máquinas ferrugenta. E, depois, o Sporting – que também sofre muitos golos de bola parada - traz sempre uma manta de detalhes pronta a desembrulhar: afinal para se marcar ao Atalanta era apenas necessário fazer uma simples tabelinha. Ou, então, realizarmos um confinamento do contexto e afinarmos pela qualidade superlativa de ambos os técnicos: em termos coletivos, um dos mais interessantes jogos da liga. Para ver em full screen!

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