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Mundiais de Atletismo: Presença portuguesa recheada de dúvidas e incertezas

Portugal apresenta-se nos Mundiais de atletismo, que sábado começam em Daegu, Coreia do Sul, com uma bagagem recheada de dúvidas e incertezas e sem uma única boa aposta para conquista de medalhas.

Lesões, falta de forma e problemas na vida pessoal afetaram as primeiras figuras - um quadro cinzento a que só escapou Sara Moreira, este ano quase totalmente dedicada aos 3.000 metros obstáculos.

A grande baixa na delegação de 24 - menos cinco que há dois anos - é Francis Obikwelu, quarto há um ano, em 100 metros, e surpreendente campeão europeu de pista coberta no último inverno, em 60. Tinha mínimos, mas prescindiu de ser convocado, por lesão num pé.

Fora dos favoritos estão agora Nelson Évora e dois dos quatro medalhados nos Europeus de Barcelona2010, Naide Gomes e Jessica Augusto.

O marchador João Vieira, bronze nos Europeus, tem estado longe do seu melhor, e apenas Sara Moreira, de entre os que mais se salientaram em Barcelona2010, parece dar plenas garantias.

Nelson Évora volta a ser a principal esperança portuguesa, apesar da longa paragem competitiva a que foi obrigado depois da operação a uma fratura de esforço na tíbia, em fevereiro de 2010.

Mas a sua prestação no triplo salto das recentes Universíadas, que ganhou com 17,31 metros, fê-lo reentrar no lote dos candidatos a uma medalha, numa prova na qual o britânico Phillips Idowu, vice-campeão olímpico (atrás de Évora) e campeão mundial em 2009 (derrotando o português), se apresenta como principal favorito.

Naide Gomes, que ficou à beira do pódio (quarto lugar) nos dois últimos Mundiais, parte apenas com a 18.ª marca de qualificação (6,79 no último Europeu de pista coberta, no qual foi segunda), mas costuma empolgar-se nas grandes competições - como também aconteceu há um ano, nos Europeus de Barcelona (segunda com 6,90). Mas a concorrência, agora, parece bem superior.

É ainda no setor de saltos que Portugal apresenta o atleta mais bem colocado no “ranking” mundial: Marcos Chuva, recente medalha de prata nos Europeus de Sub-23, conseguiu depois excelentes 8,34 metros no comprimento, o que lhe dá o sexto lugar do ano. Mas não será lógico pedir-lhe mais do que uma já bem honrosa presença na final, face à inexperiência.

Mais alguns atletas poderão aspirar a lugares de finalista, ou seja, ficar nos oito primeiros. Desde logo, Jessica Augusto, medalha de bronze nos 10.000 metros há um ano, nos Europeus, desta feita limitada por um atraso na preparação, após o falecimento do pai. É uma incógnita a forma como se apresentará em Daegu.

Marisa Barros, sexta nos Mundiais de 2009 e oitava nos Europeus de 2010, é outra candidata, mas também ela teve problemas (neste caso físicos) que atrasaram a preparação, não parecendo tão forte como há seis meses, quando bateu o seu recorde pessoal, no Japão.

Em boa forma, capazes de conseguir um lugar nas respetivas finais (12 atletas) e mesmo uma presença entre os oito primeiros, já confirmaram estar Sara Moreira, segunda nos 5.000 m das Universíadas, que tentará melhorar, desta feita nos obstáculos, o 10.º lugar dos Jogos de Pequim2008, e Marco Fortes, com um recente recorde nacional do peso a caminho dos 21 metros (20,89).

Também os marchadores – João Vieira, único no sector masculino, e Inês Henriques, Susana Feitor (11.ª presença em Mundiais, um recorde) e Ana Cabecinha – têm hipóteses de conseguir classificações entre os oito primeiros, em provas sempre com muitos candidatos a essas posições.

Haverá ainda curiosidade especial à volta das presenças de Alberto Paulo, recente (e surpreendente) campeão mundial universitário em 3.000 m obstáculos, e Rui Silva, em estreia a este nível competitivo, em longas distâncias - neste caso, os 10.000 metros.

Mas a concorrência, em especial de atletas africanos, torna muito difícil a tarefa de ambos.

Em Berlim2009, Portugal conseguiu “apenas” uma medalha, mas obteve nada menos que 17 presenças entre os 16 primeiros (lugares de semifinalista), o que nunca antes obtivera.

O selecionador nacional, José Barros, colocou como fasquia mais de 50 por cento de presenças neste lote, ou seja, mais de 11 entre os 21 atletas que competirão individualmente, a que se junta a estafeta masculina de 4x100 metros.

Um objetivo ''razoável'' - e comedido, evitando em absoluto o chamado ''discurso de medalhas'' e acentuando a grande juventude da seleção e o seu equilíbrio entre os vários setores.

A seleção nacional:
- Masculinos:
Arnaldo Abrantes (200 metros), Rui Silva (10.000 metros), Jorge Paula (400 metros barreiras) Alberto Paulo (3.000 metros obstáculos), Marcos Chuva (comprimento), Nélson Évora (triplo), Edi Maia (vara), Marco Fortes (peso), João Vieira (20 km marcha), Seleção Nacional (4x100 metros, com Arnaldo Abrantes, Yazaldes Nascimento, Ricardo Monteiro e João Ferreira).

- Femininos:
Jessica Augusto e Dulce Félix (10.000 metros), Marisa Barros (maratona), Vera Barbosa (400 metros barreiras), Sara Moreira (3.000 metros obstáculos), Naide Gomes (comprimento), Patrícia Mamona (triplo), Eleonor Tavares (vara), Vânia Silva (martelo), Inês Henriques, Susana Feitor, Ana Cabecinha (20 km marcha).

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