O movimento associativo está a equacionar a possibilidade de apresentar uma candidatura às eleições da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), anunciou hoje o presidente da comissão delegada das associações distritais e regionais, Júlio Vieira.
Reunidas hoje durante a tarde e início da noite, em Viseu, 18 das 22 associações discutiram este assunto pela primeira vez, mas a decisão ficou adiada.
“Tivemos uma primeira discussão, que não foi conclusiva, sobre se vamos avançar ou não com uma candidatura, aberta a outros agentes do futebol, mas uma candidatura do movimento associativo”, contou Júlio Vieira à Agência Lusa.
Segundo o também presidente da Associação de Futebol de Leiria, “provavelmente, no próximo plenário haverá condições para poder aprovar, ou não, essa candidatura”.
O responsável disse que “há um consenso generalizado de que o movimento associativo, até pela importância que tem no futebol português”, deve liderar uma candidatura à FPF.
“Em que termos e em que moldes é que não chegámos ainda a uma conclusão e provavelmente só o iremos fazer no próximo plenário”, que ainda não está marcado, acrescentou.
No que respeita à escolha dos delegados para a nova Assembleia-Geral da FPF “está a correr bem”, garantiu, fazendo votos para que as eleições marcadas para dia 09 corram “dentro da normalidade”.
Outro dos assuntos discutido hoje em Viseu foi o pagamento de mais de dois milhões de euros relativos ao policiamento de competições de futebol não profissional que cabia ao Ministério da Administração Interna (MAI) e que, segundo Júlio Vieira, está em falta há cerca de dois anos.
“Pedimos uma reunião esta semana ao secretário de Estado do Desporto e vamos abordar esse assunto com ele, sendo certo que teremos que confrontar depois também o Ministério da Administração Interna com o não envio dessas verbas”, afirmou.
O presidente da comissão delegada lamentou que os clubes estejam a ser “fortemente penalizados com a não entrega dessas comparticipações”, frisando que “é um peso enorme'' nos seus orçamentos, ''porque representa uma parte substancial da despesa que têm com a organização dos jogos”.
Na sua opinião, esta não é só uma questão financeira, mas também “de modelo de organização dos jogos e da respetiva segurança”, lembrando que há países “onde a obrigatoriedade da existência de policiamento não vai até aos escalões inferiores”.
Outras das preocupações que esteve em cima da mesa foi a formação dos treinadores, porque o anterior Governo acabou com o modelo que passava “pela organização dos cursos por parte da Federação, que delegava depois nas associações, pelo menos o primeiro e o segundo nível, tanto no futebol de 11 como no futsal”, cuja exclusividade cabe agora ao Instituto de Desporto de Portugal.
“Não faz qualquer sentido que, por um lado, exijamos a uma equipa, mesmo do escalão de futebol jovem, que tenha de ter treinador habilitado e depois não o podermos habilitar”, considerou, sublinhando que o modelo anterior “tinha lacunas, mas deu bons resultados”.