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Taça de Portugal: A festa em que os pequenos também têm voz

Gosto de todo o clima que rodeia a Taça de Portugal, principalmente no que diz respeito às equipas pequenas. Para elas, mais importante do que vencer, é sempre terem um extra de atenção e visibilidade: mediática e de competência.

Taça de Portugal: A festa em que os pequenos também têm voz

Além do resultado anormal de bilheteira que estes confrontos proporcionam (quando se recebe um grande nem se fala), trata-se de uma oportunidade de mostrar ao país uma equipa, uma terra e uma estrutura desconhecidas do público em geral.

Quase todos os conjuntos com menor expressão concordam e afirmam que num jogo de David contra Golias, torna-se mais importante saber aproveitar a experiência de uma vida e procurar ultrapassar os limites, do que pensar em vencer. A possibilidade de uma surpresa alimenta o fulgor de atletas que nem sequer profissionais são – trabalham de dia, treinam à noite -, mas a memória de que um dia defrontaram em sua casa um grande português e foram acompanhados pela televisão é mais enternecedora.

Clubes como o Santa Eulália, que nem sequer estádio com condições tem para receber o FC Porto, são a prova viva de que o futebol português é pouco mais do que a Liga Zon Sagres. Mas também a certeza de que o amor pelo que se faz é fundamental em tudo: no futebol e na vida.

Quando entrevistei esta semana João Fernando, treinador do clube que esta tarde recebe o FC Porto, fiquei surpreendido. Não por saber que a distância que separa o emblema do concelho de Vizela dos bicampeões nacionais é enorme, mas sim pela naturalidade com que o técnico encarou essa superioridade. Admitindo sem preconceitos que muitos dos seus jogadores e adeptos apoiam os dragões, João Fernando Freitas explicou ainda que, numa luta contra David e Golias, a sua equipa não tem sequer capacidade para ser o primeiro, pois os homens de Vítor Pereira têm os seus calcanhares elevados em demasia. Mas lá avisou: não há nada pior do que sermos espezinhados pela pessoa que mais amamos na vida.

É bonito e dá vida ao futebol. Numa altura em que a modalidade virou mais negócio do que amor e entrega, fico satisfeito por saber que há clubes que ainda se salvam. Para quê ser um Manchester City ou um Paris Saint Germain, se os seus jogadores não forem capazes de dar a vida pela instituição que representam? E não há jogadores que mais amam o futebol e o clube do que os atletas amadores. Trabalham de dia, treinam de noite. Chegam a casa a horas tardias, quando podiam aproveitar esse escasso tempo para estarem com as suas famílias. No fim-de-semana a mesma coisa. E o que recebem em troca? Muitos deles, uma sande e uma cerveja no final de cada partida.

Por isso, venho por este meio desejar toda a sorte do mundo aos clubes pequenos que na 3ª eliminatória da Taça de Portugal defrontarão emblemas de escalões superiores e com recursos incomparavelmente melhores. Força Santa Eulália, Ponte da Barca, Gondomar, 1º de Dezembro, Tondela, Pampilhosa, Anadia, Fafe, Vilaverdense e Sp. Espinho. E força a todos os outros que não estão nesta lista. Força, porque vocês têm o que falta à maioria. Paixão, querer, vontade, entrega, genuinidade!

Confira aqui tudo sobre a competição.

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