Aitor Karanka: O fiel companheiro de José Mourinho

Pode e deve, embora tenha mais razões para isso numas ocasiões do que noutras. De qualquer das formas, Mourinho não se pode queixar pelo menos de um espanhol. Chama-se Aitor Karanka e tem sido uma sombra com enorme preponderância na caminhada mediana do ‘Special One’ no Real Madrid. Dá o peito às balas quando o português não quer comparecer nas conferências de imprensa, defende a equipa com unhas e dentes e transmite uma relação sólida com o seu superior hierárquico.

Aitor Karanka e José Mourinho são como a água e o vinho. O português assume uma postura propositadamente agressiva com os meios de comunicação social; o espanhol é mais perseverante e reativo. O treinador traça normalmente a estratégia, o adjunto limita-se a concretizá-la de forma fiel. Quando a figura principal abana, a secundária não tem problemas em segurar a tenda. Com todas as forças!

Ainda se recordam da série de conferências de imprensa em que Mourinho esteve ausente na segunda metade da época 2011-12? Entre março e maio de 2012, o ‘Special One’ assumiu uma estratégia de resguardo, em que trabalhou mais para dentro do que para fora da estrutura madrilena. O seu fiel amigo foi Aitor Karanka. O ex-central merengue respondeu sempre às perguntas com segurança e convicção. Não se amedrontou e tornou-se numa figura confiável em frente das câmaras.

Ultimamente, Karanka tem funcionado como uma espécie de pronto-socorro de José Mourinho. Só nas duas últimas semanas, o adjunto surgiu várias vezes em segunda vaga para justificar ações do treinador principal.

Ainda em novembro veio a público explicar que Mourinho não foi irónico quando agradeceu a placa comemorativa dos 100 jogos na Liga dos Campeões. «Não houve ironia. Antes do jogo recebeu uma chamada de um treinador que tinha ganho essa placa. Mourinho pensava que era habitual e agradeceu», confirmou.

Depois a palavra de Karanka sobre a subida do português ao relvado antes do derby do último fim-de-semana com o Atlético de Madrid, substituindo-o na conferência de imprensa após a vitória merengue (2-0). «Estava no balneário e não vi quando o mister desceu ao relvado. Não era nenhum desafio ao público do Bernabéu, mas simplesmente para que as pessoas que não estivessem do seu lado por insatisfação face ao seu trabalho se manifestassem antes, para depois estarem ao lado da equipa. Era essa a condição. Mourinho dá a cara pela sua equipa no campo e em todos os locais, como na sala de imprensa, no banco ou mesmo no centro de treinos. Nunca se esconde», avisou.

Sexta-feira, na antevisão da deslocação de hoje (sábado) ao terreno do Valladolid, Aitor Karanka aproveitou para referir que José Mourinho está totalmente concentrado no Real Madrid, mesmo quando vários meios de comunicação social o colocam na rota do Paris Saint Germain. «Mourinho é um homem forte, mas não pode estar todos os dias a comentar os rumores sobre a sua saída. A resposta dele é dada no campo, com trabalho e dedicação. Se fizesse caso de todos esses rumores, não poderia concentrar-se no resto», justificou.

Não conheço outro clube no futebol mundial, muito menos de topo, onde o treinador-adjunto usufrua de um papel tão ativo como no Real Madrid. De forma intencional, Mourinho confia muito do seu trabalho exterior nas mãos de Aitor Karanka. Enquanto isto acontece, o ‘Special One’ fica com mais tempo e espaço para se concentrar no plantel merengue sem pensamentos desnecessários. Não deixa de ser irónico que, numa Espanha que muitas vezes maltrata José Mourinho, o seu braço direito seja… espanhol. «Karanka português, Karanka português, Karanka português». A música existe por algum motivo.

Endereço Eletrónico: [email protected]