O ex-candidato à presidência do Sporting João Pedro Paiva dos Santos acusa Bruno de Carvalho de «ter adiado a conclusão» do plano de reestruturação financeira para «benefício da sua própria imagem, em detrimento da do clube».
“Porque é que a reestruturação financeira não foi apresentada antes do final da época, como devia ter sido? Porque os resultados seriam positivos”, disse Paiva dos Santos, em entrevista à agência Lusa, quando confrontado com o prejuízo a rondar os 43 milhões conhecido com a publicação do Relatório e Contas do exercício de 2012/13.
Na opinião Paiva dos Santos, que na eleição de março abdicou da sua candidatura em favor da de José Couceiro, diz que “não é preciso ser-se gestor para perceber que os resultados iriam ser positivos''.
''Adiou-se a sua apresentação por uns meses para se poder criticar o passado e ficar com os louros. Qualquer gestor sabe isto. É uma atitude que me choca”, acrescentou o empresário.
Paiva dos Santos atribui a responsabilidade dos resultados negativos de 43 milhões de euros à gerência de Godinho Lopes, que fez “investimentos sem o retorno esperado”, mas lembra que “não se venderam jogadores antes da anterior direção ter saído”.
“Dos 54 milhões investidos, 32 foram recuperados e havia jogadores suficientes para fazer mais-valias para cobrir o restante se Godinho Lopes tivesse chegado ao fim da época”, referiu o empresário, ainda que diga “compreender a realização das eleições em março para preparar a época seguinte”.
Por outro lado, nega a versão de Bruno de Carvalho segundo a qual nenhum dos três dossiês que Godinho Lopes lhe facultou continha todas as informações relativas a valores de transferências: “O plano de recrutamento de jogadores de todos os escalões, de compra e venda de passes e respetivas percentagens a serem negociadas, as propostas que havia por parte de outros clubes, tudo isso constava dos dossiês que foram entregues a todos os candidatos à presidência, entre os quais eu”.
“Se o atual presidente e outros ex-dirigentes do Sporting se insurgem contra este ou aquele negócio que foi feito pela anterior direção, estão única e exclusivamente a denegrir os ativos do clube”, alega Paiva dos Santos, que critica a postura de ex-dirigentes do clube que são “remunerados em programas televisivos para dizer mal” do Sporting e que chegam “a rir-se quando o representante do Benfica achincalha o clube”.
A propósito das informações sobre os valores declarados na aquisição de alguns jogadores e as verbas mais elevadas que surgem no Relatório e Contas de 2012/13, casos de Labyad ou Elias, Paiva dos Santos diz que outra das grandes empresas de auditoria a nível mundial, a PwC, “está a operar” no Sporting e que esta “nunca veio a público dizer que o trabalho da KPMG estava a ser mal feito”.
Por isso, disse não compreender que se passe para a esfera pública a ideia de que “foram passadas informações erradas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) por uma SAD do Sporting cotada em bolsa”, o que considera “gravíssimo e suscetível de criar problemas graves ao clube”.