Uma delegação sindical internacional foi hoje impedida de aceder a um estaleiro perto de Doha, no âmbito de uma inspeção sobre as condições de trabalho dos emigrantes no Qatar, país organizador do Mundial de futebol de 2022.
“Não vos quero autorizar a visitar o local sem coordenação prévia”, alegou um dos responsáveis pelo estaleiro, citado pela AFP, à delegação que queria realizar uma visita inopinada.
Como resposta, os sindicalistas recusaram fazer a visita prevista ao estaleiro de Lusail, 70 quilómetros a norte de Doha, que deve ser a sede do principal estádio do Mundial de 2022.
A delegação sindical dirigiu-se, de seguida, à sede do Comité organizador do Campeonato do Mundo, em Doha, onde não conseguiu obter uma audiência com o responsável pelo organismo, tendo protestado com cânticos como “FIFA, cartão vermelho”.
Convocada antes da revelação do “The Guardian”, que reportou a morte de 44 trabalhadores nepaleses nos estaleiros do Qatar, a missão deveria abandonar o país na quinta-feira para posteriormente apresentar um relatório.
O presidente do Comité nacional dos direitos do Homem do Qatar manifestou as suas dúvidas quanto ao objetivo da missão.
"O melhoramento das condições de trabalho dos trabalhadores não é o seu verdadeiro objetivo”, acusou Ali al-Merri.
O Comité dos direitos do Homem já admitiu alguns abusos, mas rejeitou as acusações de esclavagismo.
O ministro do Trabalho do Qatar, Ali Ahmad Al-Khalifi, prometeu duplicar o número de inspetores de trabalho nos estaleiros.