A República Federal Alemã (RFA) conquistou surpreendentemente o Mundial de futebol de 1954, sucedendo aos bicampeões Uruguai e Itália, ao bater na final a “toda poderosa” Hungria, poucos dias depois de ter sido goleada pelos magiares por 8-3.
Com uma equipa fabulosa, em que se destacavam Ferenc Puskas, Zoltan Czibor, Sandor Kocsis e Jozsef Bozsik, os húngaros eram “super favoritos” à vitória na quinta edição, à qual chegaram com 31 jogos de invencibilidade (27 vitórias e quatro empates).
Os magirares eram temíveis e cedo o confirmaram, com duas clamorosas goleadas na primeira fase: 9-0 à modesta Coreia do Sul (três golos de Kocsis, dois de Puskas, dois de Palotas, um de Lantos e outro de Czibor) e 8-3 à RFA (quatro golos de Kocsis, dois de Hidegkuti, um de Puskas e um de Kocsis).
O "onze" de Gusztava Sebes parecia intocável, mas teve alguns problemas para ultrapassar, depois, as melhores seleções da América do Sul: 4-2 ao Brasil, nos “quartos”, e também 4-2, após prolongamento, nas meias-finais, ao campeão em título Uruguai, derrotado pela primeira vez num Mundial... ao 12.º encontro.
Faltava um "curto" passo para o título, que passava por voltar a bater a RFA: como em todos os jogos anteriores, a Hungria chegou a 2-0, desta vez bem cedo, antes de cumpridos 10 minutos, com tentos de Puskas (seis) e Czibor (nove).
Nessa altura, ninguém daria um "tostão" pela RFA, mas, volvidos sete minutos, a formação germânica conseguiu chegar à igualdade, com tentos de Maximilian Morlock (10) e Helmut Rahn (18), perante a perplexidade dos húngaros, à espera de novo "passeio".
A Hungria perdeu confiança, os germânicos acreditaram no "milagre", de consumar a "surpresa futebolística do século", que surgiu já na segunda parte, a seis escassos minutos do fim, com novo tento do "herói" Rahn.
O futebol força e pragmático da RFA, de Fritz Walter, Ottmar Walter, Morlock, Rahn ou Schafer, acabou, assim, por prevalecer, face à "poesia" e classe de uma equipa mágica, que, mesmo sem título, entrou para a história como uma das melhores jamais presentes no certame.
No último lugar do pódio, e na que é ainda hoje a sua melhor classificação de sempre, ficou a Áustria, que impôs o segundo desaire consecutivo ao Uruguai (3-1).
O Mundial de 1954 teve a novidade das transmissões pela televisão, que “emitiram” 140 golos, em apenas 26 jogos, numa média impressionante de 5,38 tentos por encontro, marca “impossível” de igualar.
A formação magiar, com 27 golos - 11 deles da autoria de Sandor Kocsis, o melhor marcador -, foi quem mais contribuiu, numa prova em que se marcaram seis ou mais golos em 10 jogos, com destaque para o Áustria-Suíça (7-5) e o Hungria-RFA (8-3).
A edição de 1954, presenciada ao vivo por 943.000 espetadores - bem menos do que quatro anos antes, no Brasil -, disputou-se de 16 de junho a 04 de julho, nas cidades de Basileia, Berna, Lausana, Zurique, Genebra e Lugano.
No que respeita ao figurino, a primeira fase decorreu com as 16 seleções, três delas estreantes (Escócia, Coreia do Sul e Turquia), divididas em quatro grupos de quatro seleções, mas só com quatro jogos e desempates previstos para equipas igualadas pontualmente no segundo lugar. As duas primeiras seguiam em frente, para os jogos a eliminar.