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Euro-2004: «Com Miguel, Portugal derrotava Grécia», Madail

A derrota na final do Euro2004 foi uma “grande desilusão”, um dos “maiores desgostos” de Gilberto Madail, que considera que a seleção portuguesa de futebol teria vencido a Grécia se Miguel não se tivesse lesionado.

Euro-2004: «Com Miguel, Portugal derrotava Grécia», Madail

“Acho que, com o Miguel, nós teríamos ganhado esse jogo”, disse o então presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em entrevista à agência Lusa, considerando esse com um facto “determinante e transcendente”.

Madail lembra que Portugal dominou o encontro e os gregos “tiveram aquele ataque, aquele canto, que foi fatal”.

“O Miguel era o único elemento da equipa portuguesa – e estava, na altura, em grande forma – que conseguia vir detrás e abrir um bocado a defesa grega. Ele teve de sair por lesão e isso foi determinante. Acho que, com o Miguel, nós teríamos ganhado esse jogo”, frisou.

A seleção lusa conseguiu, ainda assim, a sua primeira final, algo que se ficou a dever também à contratação do treinador então campeão mundial em título, o brasileiro Luiz Felipe Scolari.

“Tinha-o conhecido na Coreia. Tinha jantado com ele duas vezes e tinha-me cativado, pela maneira de ser – quer se goste, quer não se goste, mas eu gostava e gosto dele. Era um homem direto, um homem expressivo”, contou Madail.

Os avanços para Scolari significaram, porém, prescindir de Manuel José: “Quando foi a rescisão com o António Oliveira, tínhamos também apalavrado com um técnico nacional para tomar conta da seleção portuguesa”.

“Tive de dar, ai, o dito por não dito, mas cumprindo com a obrigação que eu achei absolutamente imperativa, que foi pagar-lhe aquilo que nós tínhamos combinado, que ele receberia por dois anos de contrato. Pagámos e, depois, mudámos a agulha para o Scolari”, explicou.

O brasileiro foi “muito importante”: “A contratação do Scolari foi, acho eu, constatando agora pela história, uma decisão muito acertada”.

Ainda assim, não deu para vencer: “Foi um dos meus maiores desgostos não termos ganhado essa final. Os deuses estiveram a favor dos gregos. Nós perdemos duas vezes com os gregos, na abertura e na final, o que é curioso e estranho”.

De resto, tudo correu bem: Tivemos um tempo magnífico durante todo o Campeonato da Europa, tempo de verão mesmo a sério, o que levou a que viessem cerca de dois milhões de turistas – não era só para o futebol, mas também para tirarem partido das nossas praias”.

“Na generalidade, todos os campos estiveram esgotados, sempre com entusiasmo, nunca visto. Costumo dizer que o Euro2004 deu-nos duas coisas, a devolução de um sentimento de orgulho português, de ser português, e, aos mais novos, ensinou-lhes o hino nacional, que era uma coisa que estava em voga na altura. Foi um campeonato de sucesso”, frisou.

Madail não tem dúvidas: “Faço um balanço muito positivo, em todos os aspetos. Primeiro, porque a organização correu bem, porque soubemos resolver todos os problemas”.

“Em termos financeiros, a sociedade deu um lucro de quatro milhões de euros. O Estado ainda recebeu dinheiro, tirando aquilo que recebeu do IVA e dessas coisas todas. Lembro-me da secretária de Estado do tesouro, na altura, quando fomos apresentar as contas, dizer ‘bem, há alguma coisa em que o Estado se mete e ganha dinheiro’”, contou.

Nada a apontar: “Não houve problemas de nenhuma natureza, de derrapagens. A prova custou cerca de um milhão e 100 mil euros, mas contando com os aeroportos e com os estádios, com os quais o Estado despendeu cerca de 105 milhões de euros. Quando se ouve falar que só um estádio, no Brasil, custa 650 milhões de euros, vemos uma diferença muito grande”.

“Correu tudo muito bem, foi um grande êxito. Ainda hoje na UEFA se fala e se diz que o melhor Campeonato da Europa até hoje foi o Euro2004”, frisou.

Dez anos depois, são muitas as recordações: “Claro que olho com saudade. Guardo todas as imagens de felicidade que vi no rosto das pessoas. Nunca mais esqueço aquele trajeto de Alcochete até à Luz, aqueles milhares de pessoas, de barco, de parapente, a cavalo, a pé”.

“Ainda agora, quando as pessoas me reconhecem, me veem, perguntam-me: ‘quando é que faz aqui outro 2004?’. As pessoas ficaram com uma paixão pela seleção. Criou-se todo o ambiente que hoje ainda se reflete na seleção”, lembrou.

O país também ganhou: “Ficaram os estádios, com grande nível, as autoestradas”, avançou, lembrando ainda os melhoramentos das urgências e da rede hospitalar em geral, os aeroportos e uma nova sede para a FPF.

“Nunca me arrependi. Só acho que fizemos bem e, por isso, tentámos repetir a dose, agora em coligação com a Espanha, para o Campeonato do Mundo de 2018”, frisou.

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