Lopetegui e a sua impotência perante um Benfica quase campeão

Não é de agora. Já há algum tempo que Julen Lopetegui havia mostrado uma personalidade marcada por alguma animosidade. Perante os jornalistas e perante os adversários. Há quem diga que o basco tem instruções claras da estrutura azul e branca para assumir este discurso mais áspero quando necessário, mas eu tenho a certeza que tal postura se trata também de uma marca intrínseca da sua personalidade. Da sua maneira de ser.

De sangue latino e emoções à flor da pele, Lopetegui mostrou uma das suas piores facetas no último 'Clássico', que terminou com um nulo muito benéfico para as aspirações do Benfica em chegar ao bicampeonato.

No final do encontro, dirigindo-se a Jorge Jesus, Julen Lopetegui pareceu ameaçar o treinador do Benfica. Disseram os jornais desportivos durante a última semana que o técnico do FC Porto não gostou de ver o seu nome trocado em diversas ocasiões por Jesus, avisando-o para não repetir tal ousadia, sob pena de se dar mal com isso.

O verdadeiro teor da conversa entre Jesus e Lopetegui ficará para sempre guardado no segredo dos Deuses, mas a atitude do basco foi visível a olho nu e não precisa de legendas. Dirigindo-se ao adversário, sorridente, Jorge Jesus foi claramente surpreendido pelas palavras de Julen Lopetegui, tendo pedido para repetir e sem vislumbrar agressividade numa primeira instância. Só quando realmente percebeu a intenção do espanhol é que o técnico encarnado barafustou.

Um mau exemplo. Ainda por cima após uma partida que também não foi brilhantemente jogada. A 'espera' de Lopetegui à entrada do túnel de acesso aos balneários foi ainda mais deprimente. Não estivessem ambos os técnicos devidamente escoltados e poderíamos ter assistido a uma cena ainda mais lamentável entre os treinadores das duas equipas que melhor futebol praticam em Portugal.

Nos últimos dias, a meu ver, Lopetegui nada tem feito para melhorar a (pobre) imagem deixada com a sua atitude no 'Clássico'.

Além de considerar que o FC Porto minimizou «uma equipa que tinha preparado uma grande festa» (onde? quando? alguém viu isso?), ainda falando do jogo do último domingo, Lopetegui não deixou de abordar a nomeação de João Capela para o Gil Vicente-Benfica, defendendo que Jorge Jesus tem procurado 'abafar' a escolha do polémico árbitro ao voltar a debater o episódio entre ambos, quatro dias após o sucedido.

Um bate-boca desnecessário e que espelha muita intranquilidade, principalmente no balneário azul e branco.

Se o novo modelo de jogo trazido por Lopetegui tem sido uma lufada de ar fresco no futebol luso, a sua postura fora das quatro linhas apenas tem sido mais do mesmo. Novelas, desentendimentos e trocas de palavras são o 'pão nosso de cada dia' em Portugal e não é isso que se pede a um treinador que vem de fora.

Estou convicto na viabilidade das (boas) ideias de Julen Lopetegui no que ao jogo jogado diz respeito. Estou muito desiludido quanto à sua postura, palavras e estratégia de comunicação. Veremos o que fica desta época e o que ainda estará para vir.

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