Manuel Machado: «Temos alguns problemas ao nível do meio campo defensivo»

"Estiveram aqui dois clubes com as suas equipas de dimensões diferentes. Um FC Porto que representa a grande dimensão, que joga para o título, que está numa fase de jogo excelente, já teve fases em que não foi tão exuberante.

O facto de ser a nona vitória consecutiva denuncia isso. É um FC Porto com uma boa dinâmica, com muito querer, a lutar com o Benfica pelo título, que não permite escorregar. Isso esteve traduzido no jogo. Os jogadores estavam prevenidos que estas equipas entram intensas na primeira fase, na tentativa de fazer logo um golo e obrigar as equipas a abrir-se um pouco mais. Não conseguimos travá-los.

Uma bola parada lateral, um golo, uma bola lateral corrida, golo. E o FC Porto teve ainda mais um lance, na primeira parte, pelo Soares, que podia ter feito outro golo. Se olharmos para esses 45 minutos, chegámos uma vez à baliza, com algum perigo. O Casillas acabou por resolver para canto.

O 2-0 dá algum conforto. O segundo tempo é mais do mesmo. Mais quatro bons momentos por parte do FC Porto ao nível da finalização, concretiza dois deles, vinca o resultado e, por isso, a ordem natural das coisas acaba por acontecer. O FC Porto ganha, sem casos. Há que reconhecer a superioridade.

Não é desculpa, mas neste momento temos alguns problemas ao nível do meio campo defensivo. Estamos sem Adilson, Nuno Coelho e Velázquez, tira-nos força nevrálgica, o que fez com que muitas vezes não conseguíssemos reagir. Fizemos o possível. O FC Porto foi intenso q.b. para ganhar ao Arouca.

Jogo nos Barreiros é muito importante, mas mal seria se nos 10 jogos que faltam o Arouca não conseguir os pontos da permanência. Se cometemos um pecado nesta fase foi perder com o Belenenses e temos de nos penalizar por isso. Este ciclo está a ser igual ao da primeira volta. Queremos reverter este ciclo negativo.

Foi aqui que falei sobre o jogador e é aqui que devo falar. Houve da parte da comunicação social, como é habitual, um fazer inchar das declarações. A determinada altura li que chamei ganancioso ao Soares. O que disse é que há duas coisas da humanidade que mexem comigo. Uma era a ganância, que está descontextualizado da questão Soares, e outra era a ingratidão. E nesse segundo factor, disse que não tendo o Soares em nenhum momento referido o Nacional, clube que lhe abriu as portas da Europa e do futebol português. Sou de uma terra que tem um adágio que diz que quem não se sente não é filho de boa gente.

Fiz aqui referência negativa relativa ao comportamento do Soares. Estive antes do jogo a falar do jogador amistosamente que no final do jogo me ofereceu a sua camisola. Eu cometi um lapso. Não tinha ouvido, em nenhum momento, nenhuma referência do Soares ao Nacional da Madeira. Vocês fizeram a pesquisa, que julgo deve ter sido intensiva, e descobriram a entrevista ao Porto Canal, que é um canal que não costumo ver. Pessoalmente está resolvida a questão, publicamente fica aqui assumido o lapso."