O melhor futebol do mundo está na Europa

A Premier League, por exemplo, é o maior campeonato nacional do mundo. Isso porque a competição reúne grandes clubes do cenário mundial, alto investimento em todos os setores e muitas estrelas em campo. São muitos craques atuando no Campeonato Inglês. Para se ter uma ideia, do último grupo convocado por Tite para os amistosos da seleção brasileira contra o Panamá e República Tcheca, oito jogadores atuam na competição: os goleiros Alison (Liverpool) e Ederson (Manchester City), o ala Danilo (City), o volante Felipe Anderson (West Ham), o meia Fabinho (Liverpool) e os atacantes Roberto Firmino (Liverpool), Gabriel Jesus (City) e Richarlison (Everton).

Mas isso não é um privilégio só da Premier League. Os principais campeonatos da Europa são repletos de craques de várias nacionalidades. A La Liga, por exemplo, tem Luiz Suárez, Arthur, Modric, Griezmann, Koke, Godín, Filipe Luís, Dembélé e Messi.

Isso é possível por causa do alto investimento feito pelos clubes europeus, participantes dos principais campeonatos nacionais do continente: Serie A Italiana, La Liga espanhola, Liga 1 francesa, Bundesliga alemã e a Premier League inglesa. Com dinheiro no caixa, os times investem em jogadores estrangeiros. E este acaba sendo um pouco do segredo do sucesso do futebol no velho continente.

Segundo pesquisa realizada pela consultoria inglesa “Deloitte”, o “Football Money League”, os 20 clubes que mais faturam no mundo são da Europa e levantaram, no período 2017/18, cerca de 8,3 bilhões de euros. O Real Madrid lidera a lista com um faturamento de 750,9 milhões de euros (perto de 3,2 bilhões de reais).

O “Football Money League” avalia três tipos de receitas: matchday (ingressos para a temporada e bilheteria); direitos de transmissão (incluindo participações em ligas, copas e competições europeias); e comercial (marketing, patrocínios e outros). O direito de televisionamento segue como a maior renda dos clubes da Europa.

Em comparação com o Brasil, o Palmeiras é o clube brasileiro com maior faturamento, 653,9 milhões de reais, uma realidade bem diferente.

Organização para o sucesso

O principal segredo do sucesso do futebol europeu está na organização. Todos os campeonatos nacionais seguem o padrão sugerido pela Uefa, respeitando fórmulas de disputa, pontos corridos, datas disponíveis, regulamentos, etc. É tudo padronizado e organizado.

Em 2004, a Uefa introduziu o Sistema de Licenciamento de Clubes e em 2008, o processo de qualificação de treinadores. Estas duas medidas na verdade são um conjunto de critérios a serem realizados pelos times obrigatoriamente, para que eles possam participar das principais competições. Isso acabou transformando o modo como as federações e os clubes da Europa trabalham e realizam suas decisões.

O resultado disso são competições lucrativas e bem disputadas. Através destas medidas, os clubes e as federações conseguiram criar o grande produto, a Liga dos Campeões. A maior competição entre clubes do mundo é sucesso absoluto de público, audiência, financeira, sem contar a qualidade técnica, já que reúne os maiores clubes do planeta.

O sucesso vem do puro investimento. Um plano caro e rentável para transformar o futebol em um “produto” valioso, com o objetivo de atrair mais investimentos. As principais ligas europeias têm dado lucro, o que faz o futebol no Velho Continente crescer ainda mais.

Este sucesso também alcança as seleções, que dominam o futebol mundial nos últimos anos. Desde 2002, quando o Brasil venceu a Copa do Mundo pela última vez, os europeus vêm “controlando” os mundiais. Isso aconteceu em 2006 com a Itália, 2010 com a Espanha, 2014 com a Alemanha e 2018 com a França. No Mundial da Rússia em 2018, por exemplo, as semifinais só tinham times da Europa.

Escândalos mancham a perfeição

Muito dinheiro gira em torno das federações e clubes. O sucesso do futebol europeu acabou atraindo algumas irregularidades, escândalos que mancham um pouco o futebol europeu construído até aqui. O último, em novembro de 2018, envolve dois grandes clubes do continente: Manchester City e o Paris Saint-Germain. Em denúncia feita para o Football Leaks, documentos vazados e publicados pela imprensa europeia contam que a Uefa, através do seu presidente, o francês Michel Platini, e o atual presidente da Fifa, Gianni Infantino encobriram o doping financeiro ilegal nos dois times, que teriam descumprindo as regras do Fair Play.

As duas equipes são controladas por investidores do Oriente Médio. Um grupo de investidores do Catar controla o PSG. O City recebe apoio financeiro de um grupo dos Emirados Árabes Unidos. Os documentos vazados denunciam uma grande aplicação ilegal de euros que pode chegar até 1,8 bilhão. Por enquanto, nenhum clube foi punido. Neste quesito, os europeus não são tão organizados.

Outro escândalo que deu o que falar foi a transferência de Neymar para o Barcelona. Pré-contrato e valores controversos abalaram o futebol europeu. Em 2014, o craque brasileiro e o seu pai tiveram que dar explicações a justiça espanhola por irregularidades no seu pré-contrato e nos valores negociados com o clube catalão. O caso custou o cargo do presidente atual do Barça, Sandro Rosell, que não aguentou a pressão. O clube espanhol revelou o valor certo da negociação e garante que não fez nenhuma irregularidade.

Assim como o caso Neymar, outros escândalos foram sendo revelados com tempo. Mesmo assim, o futebol europeu ainda ganha destaque pelo seu gigantismo. São grandes ligas criadas com os melhores clubes do planeta na disputa. Sem contar as estrelas do mundo que desfilam nos gramados do velho continente. Futebol de primeiro mundo!