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Covid-19: Rebuliço do maior mercado cabo-verdiano dá lugar a medo e apreensão

Longe do rebuliço do passado, o emblemático mercado de Sucupira, no centro da Praia, é hoje rosto da preocupação cabo-verdiana com a pandemia da covid-19, visível na apreensão no rosto das vendedoras, ainda com poucas medidas preventivas.

Covid-19: Rebuliço do maior mercado cabo-verdiano dá lugar a medo e apreensão

Leinise da Veiga, vendedora de artesanato, de 25 anos, continua a trabalhar no mercado, tal como o faz há vários anos, mas além de o negócio quase não existir, por falta de clientes, o receio, assume, é generalizado.

“Vejo na televisão que muitas pessoas estão a morrer com o coronavírus, porque é muito perigoso. Mas tenho de vir trabalhar, não é”, atira, em conversa com a Lusa junto à sua pequena bancada no maior mercado de Cabo Verde.

Até agora, Cabo Verde regista três casos confirmados da covid-19, provocado por um novo coronavírus, mas todos turistas estrangeiros e na ilha da Boa Vista, que, entretanto, foi isolada do restante arquipélago.

“Estou preocupada com a minha saúde. Aqui em Santiago ainda não houve casos, mas o Governo é que tem de pensar no que é melhor para o seu povo”, considera a vendedora de artesanato.

As centenas de vendedoras do mercado de Sucupira vão passar a trabalhar com máscaras e luvas. A concorrida feira semanal de roupa, na envolvente, aos domingos, vai ficar suspensa. As medidas constam de uma deliberação da Câmara Municipal da Praia, que entrou hoje em vigor, no âmbito do Plano de Contingência Nacional, ativado pelo Governo.

Leinise, como a generalidade das vendedoras daquele mercado, ainda não usa máscara: “Não encontrei”, justifica, sem esconder ter “muito medo”.

Num mercado agora praticamente deserto, a apreensão estampada nos rostos das vendedoras, que preferem o silêncio, contrasta com a agitação que até agora marcava Sucupira.

A sexagenária Maria Dias voltou hoje a expor os sapatos que habitualmente negoceia, só que não há clientes.

“O nosso Governo tem de nos ajudar”, diz, ao apontar à Lusa alguns dos receios com as dificuldades económicas que já se começam a sentir.

Sobre a doença, prefere desvalorizar: “Nada preocupada. Tenho fé em Deus”.

Apesar das recomendações que hoje entraram em vigor naquele mercado, Maria Dias não tem máscara e nem sequer foi à procura, para comprar: “Não gosto de usar”.

Todos os comerciantes que ali trabalhavam devem passar a utilizar máscaras e luvas. A mesma deliberação da Câmara Municipal da Praia refere que será reforçada a fiscalização contra a venda ambulante e nos passeios em toda a cidade da Praia, entre outras medidas que entram em vigor em 23 de março, como a obrigação de os transportes públicos funcionarem a 50% da sua lotação, numa cidade da Praia cada vez mais fechada e aparentemente vazia.

As medidas têm uma duração inicial de três semanas, mas podem vir a ser prolongadas, face ao evoluir da pandemia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente africano registou mais de 50 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 1.700 casos em 45 países e territórios, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia da covid-19.

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