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Covid-19: Maior hospital de Cabo Verde com redução diária de atendimentos em mais de 90%

O hospital central da Praia, o maior de Cabo Verde, registou uma redução diária de mais de 90% dos atendimentos desde que foram adotadas medidas restritivas para conter a propagação do novo coronavírus, disse hoje o diretor.

Covid-19: Maior hospital de Cabo Verde com redução diária de atendimentos em mais de 90%

“Sabemos que há uma demanda muito grande ao hospital da Praia, nas mais diversas áreas, temos cerca de 20 especialidades, e tínhamos uma demanda entre 800 e 1.000 atendimentos diários nos serviços do hospital”, afirmou à Lusa Júlio Andrade, diretor do Hospital Agostinho Neto (HAN).

Segundo o também presidente do conselho de administração do HAN, com as medidas restritivas impostas para evitar a propagação do novo coronavírus, esse número de atendimentos reduziu-se consideravelmente, para valores entre 30 a 40 pacientes.

“As pessoas continuam a adoecer, mas essa demanda quer no banco de urgência, quer nas consultas, reduziu a um número que nos preocupa porque as pessoas podem estar a ficar em casa com patologias graves, o que não deve ser”, avançou o médico.

Nesse sentido, o diretor do HAN apelou às pessoas para procurarem os cuidados de saúde, nos cuidados primários, hospitais regionais ou e ao nível dos hospitais centrais, para que a situação não se complique e possam também dar assistência nas outras áreas.

“E têm aparecido algumas urgências já com alguma complicação. As pessoas não devem ficar em casa com patologias graves”, prosseguiu Júlio Andrade, que prevê outro período complicado após o novo coronavírus, situação que ninguém sabe quando ficará controlada no país.

Por isso, o clínico salientou que são precisas medidas de apoio a essas pessoas com doenças crónicas, como diabetes, hipertensão e doentes cardíacos.

Oncologia e diálise são das poucas áreas que continuam a funcionar normalmente, segundo o diretor do hospital central da Praia.

“Nas outras áreas tem havido uma demanda muito baixa e essa é uma preocupação de quase todas as especialidades”, insistiu Júlio Andrade, explicando que muitos doentes alegam dificuldades de transporte públicos para chegar ao hospital.

Em 30 de março, a empresa SolAtlântico anunciou a suspensão temporária do transporte coletivo de passageiros na Praia, como medida para evitar aglomeração de pessoas e a consequente propagação do novo coronavírus na capital cabo-verdiana, com perto de 200 mil habitantes.

“Essa questão do transporte, por um lado é bom, evita circulação das pessoas, mas, por outro, cria constrangimento às pessoas que não podem pagar táxi e que não têm transporte próprio”, notou Júlio Andrade.

No caso dos profissionais de saúde do HAN, mais de 800, informou que a unidade hospitalar está a assegurar o transporte de cerca de 400 que não têm meios de transporte.

O responsável avançou ainda que o hospital apoia no transporte de alguns doentes, nomeadamente os da diálise, mas será “impossível” prestar o serviço a todos.

O Ministério da Saúde está a realizar uma campanha para as pessoas se dirigirem aos serviços de saúde, para proteção maternoinfantil, controlo das grávidas e vacinação.

“Todos estes aspetos não devem parar, para que não venham a surgir novas doenças que já tínhamos controlado. Não podemos ter outros surtos, porque é preciso fazer vacinação contra sarampo, poliomielite, temos de seguir o calendário vacinal para evitar que essas doenças venham a surgir”, sustentou.

Relativamente ao novo coronavírus, Júlio Andrade disse que o maior hospital do país, que tem capacidade para internar 14 desses doentes, organizou-se para dar resposta aos casos mais complicados, de doentes que precisam de ventilação e oxigénio.

Nesta fase inicial, o responsável disse que o hospital internou todos os três doentes, mas salientou que em caso de aumento, como já se verificou esta semana, com 13 casos na Praia, serão encontradas alternativas de internamentos fora do hospital para os doentes assintomáticos.

A estes 13 casos na Praia, junta-se mais um no Tarrafal (Santiago), 52 na ilha da Boa Vista e um na ilha de São Vicente, totalizando 67 no país.

Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, na ilha da Boa Vista, terminou na morte de um turista inglês, de 62 anos.

O país renovou o estado de emergência, para vigorar até 02 de maio, nas ilhas com casos positivos e até 26 de abril nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos registados de covid-19.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

África regista um total de 1.119 mortos e um aumento de infeções de 21.096 para 22.275 registados em 52 países, segundo a última atualização do boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de infeções (79), seguida de Cabo Verde (67 casos e uma morte), Guiné-Bissau (50) Moçambique (35), Angola (24 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe continua sem casos, após uma primeira identificação de quatro casos positivos que não foram confirmados na segunda análise.

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