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Covid-19: Empresários brasileiros querem acordos mais rápidos com EUA

Vários empresários brasileiros consideraram hoje, numa conferência virtual do Atlantic Council, que Brasil e Estados Unidos devem apresentar rapidamente novos acordos para redução de custos burocráticos nas trocas comerciais, para acumular «ganhos importantes» no contexto da pandemia.

“Qualquer acordo já é uma sinalização muito positiva”, ainda que não tenha propostas claras para reduções tarifárias, disse hoje Seulma Rosa, diretora de relações governamentais da companhia Dow Brasil, acrescentando que a discussão da redução dos custos transacionais gera ganhos em investimentos.

Para Juliana Azevedo, presidente da Procter & Gamble Brasil, as “complexidades” da exportação de produtos brasileiros para os EUA, nomeadamente com diferenças das exigências em qualidade, e os custos adicionais à entrada e venda “são as maiores barreiras” para trazer novos investimentos bilaterais.

“A gente tem problemas de desembaraços aduaneiros, reconhecimentos mútuos que nos trazem custos associados à demora de desembaraços e estocagem (armazenamento), que seriam ganhos muito importantes no contexto do coronavírus”, porque significavam redução de custos de operação, disse Seulma Rosa.

As declarações foram feitas numa conferência virtual do Atlantic Council, no contexto da série “Comércio e Investimentos EUA-Brasil”.

A AmCham Brasil, uma câmara de comércio que representa mais de 5.000 empresas e 33% do produto interno bruto (PIB) do Brasil, deverá lançar nas próximas semanas um documento com dez objetivos e iniciativas que podem ser “possíveis entregas para 2020”, disse o vice-presidente daquela instituição, Abrão Neto.

Segundo Abrão Neto, o documento que está a ser preparado representa um “conjunto de oportunidades muito concretas”, como a conclusão de primeira etapa do acordo comercial entre os dois países, com temas não tarifários, redução de burocracias, negociação de regras no comércio digital e regras da qualidade de produção regulatória.

“Os temas estão sendo discutidos pelos dois governos, é possível que nas próximas semanas um desses capítulos já tenha conclusão e anúncio por parte dos governos”, considerou Abrão Neto, Secretário de Comércio Exterior do Brasil do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) entre 2016 e 2018.

Na visão da AmCham Brasil, outra possibilidade ainda para este ano é a formalização da participação do Brasil no programa norte-americano de entrada de viajantes Global Entry, para o restabelecimento do fluxo de viajantes entre os dois países depois da crise sanitária mundial.

Abrão Neto considerou que o ano de 2020 apresenta uma “janela útil muito estreita” para introdução e realização de novas iniciativas entre Estados Unidos e Brasil, mas ainda assim trouxe um “aprofundamento (…) de uma relação bilateral muito saudável e um esforço conjunto dos dois governos e dos setores privados para o momento crítico de enfrentamento das consequências da pandemia”.

As restrições que foram adotadas para o combate à pandemia de covid-19 e as eleições presidenciais nos EUA, em novembro, que poderão vir a mudar a administração governamental norte-americana, “reduzem o tempo disponível para construir e concluir iniciativas”, explicou Abrão Neto.

Seulma Rosa disse ser imprescindível “elevar o Brasil aos padrões internacionais regulatórios” e “criar um marco, uma melhoria no ambiente de negócios”, com benefício prático e na lógica de inserção global.

A entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), constituída por 36 países, é um apelo forte dos empresários brasileiros e deve ter prioridade, disse Seulma Rosa.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 436 mil mortos e infetou mais de oito milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (116.127) e mais casos de infeção confirmados (mais de 2,1 milhões), seguido pelo Brasil (43.959 mortes em mais de 888 mil casos).

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

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