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Covid-19: «Os Pelezinhos» perderam quase 100 futebolistas da formação

À semelhança do que tem sucedido com outros clubes, o Clube Desportivo “Os Pelezinhos”, emblema de referência no futebol de formação em Setúbal, teve uma razia no número de praticantes devido à pandemia de covid-19.

Covid-19: «Os Pelezinhos» perderam quase 100 futebolistas da formação

Desde que o clube foi oficialmente constituído, em 09 de fevereiro de 1983, passaram por “Os Pelezinhos” mais de 8000 atletas e não há memória de uma época com tão poucos praticantes nos diferentes escalões etários, lamenta o presidente José Pereira.

“Em relação ao ano passado, sentimos uma redução no número de atletas. Dos petizes [sete/oito anos] aos juniores [19], tínhamos 254 miúdos inscritos na Associação de Futebol de Setúbal, enquanto este ano foram apenas 150 os inscritos”, avança.

Na hora de apontar as razões para a quebra em contexto de pandemia, o dirigente de 54 anos, que está no clube há 15 anos e o preside há dois, refere que a falta de motivação por não haver competição e o medo de contágio do vírus ajudam a explicar a desistência de muitos jovens atletas.

“Há uma parte em que há receio dos pais. Além disso, os miúdos não se sentem motivados por não terem competição. Para quê treinar se não podem jogar, questionam. Eles treinam com o objetivo de jogar ao sábado ou domingo e há quase um ano que não o podem fazer”, nota.

José Pereira antevê que 2020/21 “vai ser uma época perdida, porque não se vai conseguir começar a competição e vai haver muitas desistências”. Com o objetivo de atenuar os efeitos da razia, o líder de “Os Pelezinhos” destaca o esforço que o clube tem feito para segurar os jovens cujas famílias passam por dificuldades.

“Uma das nossas batalhas é garantir que os miúdos que têm dificuldades não deixem de treinar. Conseguimos criar umas bolsas em que o clube suporta as mensalidades de 25 euros, que não conseguem pagar. Às vezes, até membros da própria direção suportam a mensalidade para que os miúdos não deixem o futebol e sigam por maus caminhos”, vinca.

A quebra de receitas no clube, que “em 37 anos de história se orgulha de não dever nada a ninguém”, não o impede de desempenhar um importante papel social na comunidade setubalense, destaca o presidente, que refere que “só com muita ginástica e carolice de algumas pessoas se consegue manter o clube”.

“Temos miúdos de zonas mais carenciadas da cidade de Setúbal, como o Bairro da Bela Vista. Sabemos que algumas famílias passam por grandes dificuldades e não têm possibilidade de pagar, por isso, o clube e alguns patrocinadores suportam a bolsa que existe para esses miúdos”, diz o presidente que se vai recandidatar ao cargo.

Apesar dos esforços dos responsáveis de “Os Pelezinhos”, José Viegas, treinador dos sub-17 e coordenador da formação de futebol 7 do clube sadino, considera que as várias pausas na atividade vão levar a um inevitável aumento de desistências.

“Claramente que vão-se perder miúdos em todas as equipas e escalões. Só quem for utópico e sonhador poderá pensar o contrário. Sem competirem e fazerem treinos de conjunto, a desmotivação dos miúdos é uma realidade. Está fora de questão que os campeonatos venham a começar esta época nas provas da formação”, vaticina.

O técnico, de 51 anos, que leciona Educação Física numa escola da Moita, partilha o registo de presenças nos treinos dos sub-17, que espelha bem, na sua opinião, a tendência verificada.

“Em agosto de 2020, começámos a pré-época com 23/24 jogadores e, sem competição, passámos para 15/16 uns meses depois. Mais recentemente, nos treinos que fizemos em janeiro de 2021, antes da suspensão das atividades, estiveram presentes 13 atletas em 05 de janeiro e na última sessão, dia 14, já só foram nove”, enumera.

Um dos resistentes na equipa de sub-17 de “Os Pelezinhos” é o sub-capitão João Forreta, de 16 anos, que garante, ao contrário do que aconteceu com vários colegas seus, não deixar de competir mesmo que não seja possível voltar a jogar nos próximos meses. A motivá-lo está o desejo de homenagear o pai e avô, antigos jogadores do Vitória de Setúbal.

“Nada me vai demover deste sonho. O meu avô, Jacinto Forreta, foi jogador de futebol do Vitória [entre 1947/48 e 1957/58] e o meu pai, Fernando Forreta, também o foi até aos juniores. Infelizmente, os dois já faleceram e fiz uma promessa a mim mesmo de que iria ser jogador de futebol para ambos se orgulharem de mim”, confessa.

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