FC Porto campeão: Em Ponta Delgada celebrou-se entre um mar de bandeiras e loas a Conceição

Após o apito final do árbitro Luís Godinho no Benfica – FC Porto (0-1), da 33.ª jornada da I Liga disputado no estádio da Luz, vários portistas acorreram à Praça Gonçalo Velho Cabral, no centro histórico de Ponta Delgada, para celebrar o 30.º título dos ‘azuis e brancos’.

De frente para o mar e sentada por debaixo da estátua do patrono da praça, Sofia e o filho Afonso, de seis anos, estão vestidos a rigor: camisola, cachecol e chapéu portista.

“Ele cá sempre foi do FC Porto. Tem de ser. Desde os três anos que ele vai ao estádio. É desde que se permite em termos de idade”, começa por dizer a mãe à agência Lusa, entre risos.

Sofia é natural de Viana do Castelo, mas está a viver em São Miguel há um ano e meio.

“Se não estivesse aqui, provavelmente a esta hora já estava no Porto, nos Aliados”, confessa, acrescentando em seguida que o que “importa é a festa e o título”.

Um título, diz, cujo principal responsável é o treinador Sérgio Conceição: “para mim, o principal obreiro é o treinador. Tivemos uma grande ajuda do Luís Díaz até ir embora. A partir daí, também apareceram outras estrelas, mas o treinador esteve sempre presente”.

São várias as crianças vestidas com a camisola ‘azul’ a celebrar no centro de Ponta Delgada, que brincam em correrias por debaixo das enormes bandeiras com o símbolo do FC Porto.

É o caso da família Rodrigues. Mónica e Flávia, cunhadas, trouxeram os respetivos filhos, de três e quatro anos, para a festa do título.

“De pequenino é que se torce o pepino”, começa por dizer Mónica, interrompida em seguida por Flávia: “isso já vem desde a barriga”, acrescenta.

Flávia Rodrigues, mais faladora, não faz por esconder que este é um “dia feliz” por consumar um “título justo”, uma vez que o FC Porto foi “melhor do que todos os outros”.

“O FC Porto é uma equipa especial. Não é agora por ter sido campeão. Sempre foi. Até a cor, o azul, é linda. E hoje provaram. Não facilitaram nada”, considerou.

Aos cânticos que entoam que o “campeão voltou”, juntam-se as ‘buzinadelas’ dos vários carros que circulam na avenida da cidade, exibindo bandeiras portistas pela janela.

Naquele final de dia soalheiro, vários turistas, que passeavam pela maior cidade açoriana, mostraram-se surpreendidos com a festa.

“Vocês portugueses são mesmo doidos por futebol”, soltou o norueguês Óscar, que está a visitar a ilha de São Miguel há três dias, depois de perceber o motivo dos festejos.

Apesar das comemorações entusiasmadas, o ambiente manteve-se ordeiro, com os agentes da Polícia de Segurança Pública a serem meros espetadores das celebrações.

Um dos adeptos mais excitados, que não abranda nos cânticos nem por um segundo, é Otávio Melo, de 34 anos.

“Já me dói a voz, mas pelo meu Porto faço tudo”, diz, vestido com uma camisola do clube e com a face pintada de azul e branco.

Para ele, não há dúvidas: o título é justo e deve-se sobretudo à “persistência e coragem” de Sérgio Conceição.

“O Sérgio Conceição rema muitas vezes sozinho, mas ele sabe para onde quer ir. Podem dizer o que quiserem, mas a gente estava muito mal antes dele chegar e agora já só sabemos é festejar. Por mim, era um contrato vitalício para ele”, afirmou o adepto, já com sinais de rouquidão na voz.

Opinião semelhante tem António Cordeiro, que está a comemorar o título com o filho José Pedro, de 14 anos.

“O principal responsável disso tudo é o Sérgio Conceição. Ele é o representante de tudo aquilo que é o ADN do Porto. Devia ficar muitos anos lá”, defendeu.

O portista diz “não ser hipócrita” e reconhece que é “especial” festejar o título na casa do rival Benfica.

“É um título justo por tudo aquilo que fizemos e temos de ser sinceros: tem muita importância celebrar no Estádio da Luz. Temos de festejar no nosso salão de festas. Só demonstra o nosso poderio”, disse, evocando o título da época 2010/11 que o FC Porto também conquistou no estádio dos ‘encarnados’.

Já o filho José Pedro prefere lembrar o papel de Pinto da Costa, o “papa” do clube e o “melhor presidente” do mundo.

“Não nos podemos esquecer do presidente. Ele também tem muito mérito nesses anos todos. Felizmente, eu com a minha idade já vi o FC Porto ser campeão muita vez e isso é muito especial. Nem todos têm essa sorte”, concluiu.